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boris casoy

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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

(Brasil - meios de comunicação) - ”A televisão é que faz o Estado, a televisão faz a política…”

Gilberto Vasconcelos, o Giba, explica o motivo pelo qual agora está fazendo vídeos

Deu no Tijolaço

Gilberto Vasconcelos, escritor, sociólogo e professor universitário, é também um mestre da comunicação. Autor de vários ensaios sobre a televisão, a mídia e a linguagem política, sobretudo a de Leonel Brizola, agora parte para fazer vídeos. Ele quer fazer uma atualização de sua produção ensaística, que visa subverter os signos produzidos pela mídia hegemônica.

Nesta entrevista ao Tijolaço, Giba, como o conhecemos, adverte que os partidos de esquerda não podem continuar a imitar os signos da direita: “Eles vão dar com os burros nágua”, diz, “porque ela faz melhor. Ela tem o arsenal na mão”. Outra crítica que faz é o que classifica de “telenovelização” da política brasileira, “uma combinação de programas de auditório com telenovela”.

Para ele, o partido de esquerda tem medo de ousar, tem medo de partir para outra linguagem, porque tem medo de furar a norma dominante. A norma ficou tão dentro da cabeça do povo, que qualquer alternativa, qualquer crítica nova, ou subversão da norma, o povo não vai entender. O escritor engajado parte então para a ação, com o que ele chama de Kivideobiopsicomassafolk, onde ele ainda aborda o rádio, o dólar contra o etanol, a criminalidade acdêmica, o golpe de estado no Maranhão, capitalismo e crise financeira.

Tijolaço: Você agora está partindo para o cinema, ou, mais exatamente, para o vídeo…

GV - O cinema foi sempre a minha reflexão. Eu escrevi um livro sobre o Glauber Rocha, que se chama “Glauber Pátria Rocha Livre”. Agora, estou partindo para o vídeo porque é mais barato e tem maior acesso.

Então, comecei a fazer alguns vídeos baratos com um efeito contra-informacional.

- Como é esse efeito contrainformacional?

GV - É um efeito contra a mídia dominante…

- É uma alternativa?

GV - Na verdade, é uma tentativa de subverter os signos produzidos e apresentados pela mídia hegemônica. Não só a mídia audiovisual como a escrita, aqui incluída a produção acadêmica. O Objetivo é fornecer uma resposta imediata. E esta produção se chama Kivideobiopsicomassafolk. Kivídeo é uma paráfrase de Kinema, como escrevia o Glauber, puxando pelo grego. Então, vem depois, bio, de biologia, psico, de psicologia, massa, de volume, e folk, de folclore. É uma espécie de anagrama, uma aglutinação típica da língua alemã.

- Então, você tem essa proposta e já está ativo, com alguns vídeos na internet. Quantos vídeos já estão prontos?

GV - O primeiro é “Esporte Mata”, depois a “Criminalidade Acadêmica”, “O dólar contra o sol na terra do Etanol”, “Kivídeorádio”, “Golpe de Estado” (cassação do governador do Maranhão, Jackson Lago) e “Capitalismo e Crise Financeira”. Agora, estou realizando “Darcy (Ribeiro), gênio da Raça”.

- Esses filmes têm o que, 20 minutos?

GV - Uns tem três, outros oito, outros 25. Não há um parâmetro de duração.

- É, porque o Yotube e outros sites de vídeo limitam os vídeos a uma duração de 12 minutos, outros um pouco mais. Essa sua proposta visa difundir a cultura, mensagem política, movimento intelectual. Como você classificaria essa sua inserção no meio cinematográfico e do vídeo?

GV -É uma atualização audiovisual da minha produção ensaística…

- Essa produção envolve seus livros, seus artigos, suas palestras pelo Brasil afora, suas aulas na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora. Mas você antes tinha um certo questionamento em relação à internet, dessa massificação total da cultura. Você superou essa visão? Ou era um certo receio tecnológico?

GV - Olha, eu nunca fui tecnofóbico, mas sempre vi a tecnologia como uma forma de dominação do império, porque ela sempre foi estrangeira. Eu, por exemplo, não gosto de usar como matéria prima nada que venha do Google ou de outro dessas corporações gigantes. É que tudo que vem delas vem permeado de ideologia.

- Mas você há de convir que o Google acaba propiciando espaço também para as forças populares. Veja aí o exemplo da Telesur (a Televisão do Sul, multiestatal. sediada em Caracas) e sua cobertura do recente golpe de estado em Honduras, juntamente com seu próprio site na internet e outros blogs independentes. Sem as denúncias da Telesur e esses outros sites, a violência daquele golpe poderia ter caído no esquecimento.

GV - Você tem razão. Por isso eu digo que eu não tenho uma repulsa, mas não sou um devoto, digamos, acrítico, diante da tecnologoia, que é sempre de origem externa. Isso é controlado. Não vamos achar que a internet é a redenção, que a internet vai trazer o socialismo. É que isso aí é propriedade das classes dominantes, é do capital. Você tem que ver que a tecnologia é a ideologia dominante. Não é à toa que o Álvaro Vieira Pinto escreveu um livro de duas mil páginas, “Conceito de Tecnologia”. A tecnologia é hoje a palavra mais usada no mundo inteiro, mais que a Coca-Colla. Agora, isto não quer dizer que vamos desprezá-la. Nós temos que usar as brechas que ela nos oferece para difundir nossa mensagem. No vídeo sobre o rádio….

- O Kivídeorádio?

GV - Sim, o kivideorádio é uma reflexão sobre o que o Hitler fez no rádio e, aqui, no Brasil, o Leonel Brizola, com aquele uso maravilhoso desse veículo. São dois usos distintos. Segundo o Walter Benjamin, da Escola de Frankfurt, o Hitler subiu por causa do rádio. O Hitler tinha uma dicção radiofônica. Repare aí que, diante de um mesmo objeto tecnológico, você tem o uso liberticida, hitleriano, e o uso libertário brizolista. É como no cinema, de um lado, você tem um Glauber, e de outro, você tem um Rambo. Tem Hong Kong e também Godard.

- Gilberto, você é professor universitário e uma vez se queixou para mim que ninguém gosta de ler, inclusive os estudantes. Ninguém lê mais nada. A que você atribui este desprezo pela leitura?

GV - Isso é muito complexo, mas a videoesfera sem letra pode provocar essa inércia…

- Você se refere à TV, ao videogame?

GV - A videoesfera desprovida de gnosis (conhecimento).. Por isso que eu digo, uma coisa é você ver um filme do Glauber, que é igual a ler um livro. Já a Xuxa… Aliás, eu escrevi “O Cabaré das Crianças”. E, num país ágrafo, como o nosso. Dizia o Darcy Ribeiro que o Brasil é um país que pulou a letra para a televisão.

- E a internet, que obriga você a escrever, não vai melhorar essa inércia de que você fala?

GV - Pode melhorar, se bem que pode dar uma padronização na escrita. Eu acho que a internet está eliminando o estilo individual. Você abre um jornal, qualquer jornal, é tudo igual. Todo colunista é igual. Não tem um charme, não tem luz própria, não tem um estilo. E o estilo é o homem. Se não há estilo, não há homem.

- Isso pode ser fruto do pensamento único, dominando aí tudo?

GV - É, também. Não há mais dicção. É inimaginável hoje o aparecimento de uma dicção do tipo do Brizola. A televisão, com essa rapidez totalitária, essa pressa fascista, ela impede uma dicção à Brizola.

- Você fala de dicção no sentido de pregação…

GV - Sim, e a ordenação do raciocínio. O descenso mental e estilístico do político brasileiro é uma tragédia.

- Dizem que o Brizola perdeu para o Collor, em 1989, porque ele pregava e explicava as nossas mazelas e o Collor se valia dos slogans, dos bordões super-rápidos.

GV - É, o Collor era a publicidade, do estilo anacoluto, ou seja, que não tem pé nem cabeça. A anacolutia era a marca estilística do Collor. Agora, ele está indo à biblioteca e melhorando um pouco. A sintaxe do Collor, na campanha, era completamente anacolútica, como aliás a sintaxe da direita, que é puramente fragmentada, enquanto que a do Brizola era coordenada, totalizante, queria a busca do todo. E esse procedimento se chocou contra a média mental do povo brasileiro, que está fundamentada na intermitência da atenção. Ninguém consegue mais prestar atenção. No limite, não há mais conversa. A conversa está agonizando….

- Finalmente, como você vê isso que passou a se chamar de terrorismo ou totalitarismo midiádico? A mídia como o superpoder, acima de todas as instituições, políticas e culturais?

GV -O terrorismo midiático é fruto do terrorismo do capital. Desde a campanha do Collor, ficou escancarado que a televisão é que faz o Estado, a televisão faz a política… A mídia, porque a televisão é a mídia mais poderosa e ponta de lança do imperialismo…

- E tem a internet, que açambarca ainda mais que a televisão, porque inclusive a televisão já está dentro da internet…

GV - É, mas a novela de televisão define muito mais o voto do que a internet. O que vemos hoje é uma telenovelização da política. A política hoje no Brasil é uma combinação de programas de auditório com telenovela, e isso vai do Palácio ao vereador. Por isso que eu defendo que um partido de esquerda tem que subverter isso. O nosso kivideo tem como objetivo sabotar, fazer uma contra-informação, porque você, partido de esquerda, querer reproduzir a mídia dominante, vai dar com os burros n’água. Porque ela faz melhor. Ela tem o arsenal na mão. Então, você não pode reproduzir o signo hegemônico da mídia dominante. Foi esse o equívoco da campanha audiovisual do Brizola em 89. Deveria ter sido uma subversão do signo da Rede Globo. Formalmente, eu digo. Não adianta você ter um conteúdo de esquerda com uma fórmula de direita. O problema é que o partido de esquerda tem medo de ousar, tem medo de partir para outra linguagem, porque tem medo de furar a norma dominante. A norma ficou tão dentro da cabeça do povo, que qualquer alternativa, qualquer crítica nova, ou qualquer subversão da norma, o povo não vai entender. Isso é diabólico. Você acaba tendo partido de conteúdo de esquerda com forma de direita. Outro problema é que o partido de esquerda não tem informação audiovisual, não tem cultura cinematográfica, não tem cultura pictórica.

- E o partido de direita tem?

GV - O partido de direita tem o capital, que é tudo isso, publicidade, televisão, mídia.

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