Um "perigosa" suspeita de ser terrorista

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Menina de 6 anos no index dos EUA

Seleção argentina apoia Avós da Pça. de Mayo para o Nobel da Paz

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Seleção de Maradona é politizada

Matéria paga censurada pelo Financial Times

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Grande imprensa britânica não se comporta democraticamente

Barão de Itararé

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Pai da imprensa alternativa, um batalhador de causas justas e muito bem humorado

Crianças palestinas acorrentadas

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A foto fala por si só

Piñera y al fondo su mentor

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Será coincidência?

Manchete de jornal venezuelano em 1992

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El Nacional informa

Ministro Jobim não se dá ao respeito

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Em traje de campanha, Ministro da Defesa se exibe para a mídia

Personagens da época da Guerra Fria

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EUA patrocinou o golpe que derrubou Jango

Ingerência da CIA na Colômbia

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Uribe acabou e agora faz falta um outro de melhor aparência

Uribe no fim de linha

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Presidente colombiano é marionete dos EUA

Coca Colla boliviana

Coca Colla boliviana
Refrigerante competirá com a Coca-Cola na Bolívia

A importância da agroecologia

A importância da agroecologia
Transgêniucos prejudicam a agroecologia

Uma publicação sintonizada no seu tempo

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New Left Review

Plataforma Ocean Guardian

Plataforma Ocean Guardian
Objetivo é encontrar um mar de petróleo nas Malvinas

Cutrale a, a multinacional que tudo pode

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Alerta de Latuff

Uma visão sobre a impunidade

Uma visão sobre a impunidade
O desejo de muitos brasileiros

Mais arte popular desconhecida do Haiti

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Visão de mulheres trabalhadoras haitianas

A pouco conhecida arte do Haiti

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As riquezas da cultura do Haiti

General Lazaro Cardenas y Fidel em 1959

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america latina

america latina

a gente não se despede de mario benedetti

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um escritor imortal

boris casoy

boris casoy
boris para o lixo

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

(Brasil-Violência) - 13 trabalhadores assassinados no Pará

Ganância e Cumplicidade foram as causas da repetição da violência

Fonte: Comissão Pastoral da Terra – Secretaria Nacional, Assessoria de Comunicação


A Coordenação Nacional da CPT, chocada com uma chacina de grandes proporções no Assentamento Rio Cururuí, município de Pacajá, PA, chama a atenção da sociedade brasileira para o clima de violência na região e responsabiliza as autoridades por novos massacres que possam ocorrer caso providências efetivas não forem tomadas.

Entre os dias 17 e 19 de setembro, 13 trabalhadores do PA Rio Cururuí, foram assassinados num conflito que vinha sendo anunciado há tempo. A causa geradora desta estúpida violência são os interesses de madeireiras que, para obter lucros cada vez maiores, corrompem funcionários públicos e lideranças de assentamentos semeando a sizânia da ganância e da discórdia entre os assentados da reforma agrária e de outras comunidades..

O asssentamento Rio Cururuí foi criado pelo Incra em terras da União e implantado em 2005. A área, porém, era cobiçada pelas madeireiras. Em maio de 2007, a imprensa noticiou que pistoleiros ligados a madeireiros expulsaram dezenas de famílias da área, destruindo seus bens. As famílias que retornaram viviam dominadas pelo medo de novamente serem agredidas.

As CPTs de Anapu e de Tucuruí, desde 2008, vêm recebendo denúncias de assentados sobre o abandono em que vivem. A isto se acrescentou um novo complicador. Um grupo de 70 famílias começou a ser pressionado pelo Incra e pelos dirigentes do assentamento, ligado à Fetraf (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), a deixarem a área na qual haviam sido colocados pelo Incra ainda em 2004, antes da implantação do assentamento, sob a alegação de ocuparem a área de reserva legal do projeto. A reserva, porém, está sendo explorada por madeireiros, alguns presumivelmente sem a devida autorização de manejo florestal pois, em junho deste ano, o IBAMA e policias da Delegacia de Conflitos Agrários do Pará (DECA) prenderam 1.4 mil metros cúbicos de madeira retirados ilegalmente da área.

as denúncias dos assentados repassadas à Ouvidora Agrária Nacional do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) chegaram ao conhecimento dos que estavam sendo denunciados o que desencadeou o conflito que assumiu as dimensões de uma chacina.

A Coordenação Nacional da CPT afirma que a política de manejo florestal que incide muitas vezes sobre áreas de assentamentos, ou de comunidades tradicionais, visa única e exclusivamente o crescimento econômico que se concentra nas grandes madeireiras. Estas utilizam de todos os instrumentos possíveis, legais e ilegais, para explorar a rica diversidade florestal de nosso país. Corromper funcionários públicos e lideranças das comunidades faz parte de sua estratégia. As comunidades camponesas e os assentados, na maior parte das vezes, são totalmente excluídos dos “benefícios” deste manejo.

O que acontece hoje na Amazônia é a repetição do que ocorreu em todo o território nacional desde a época do Brasil Colônia. A natureza é vista como mera fonte de riquezas e é sistematicamente depredada para gerar divisas. As comunidades são espoliadas dos poucos bens que possam ter, quando não fisicamente eliminadas.

A CPT vê ainda como uma outra fonte potencial de conflitos e violência a aprovação da MP 458, transformada na lei 11.952/09 que regulariza a grilagem de terras na Amazônia. Surgem, em diversos pontos, notícias de conflitos de interesses entre os que buscam a regularização e as famílias as comunidades que tradicionalmente ocupam aquelas terras.

É hora de colocar um ponto final em tanta violência. Titular as terras e territórios das comunidades tradicionais e realizar uma Reforma Agrária ampla com a participação das comunidades e trabalhadores é condição sine qua non para que haja paz no campo

Data da Publicdação: 30 de setembro de 2010

Brasil-Agrotóxicos) - Enidades lançam campanha contra o uso doagrotóxico

"Precisamos conscientizar a população sobre os efeitos dos agrotóxicos”

Vanessa Ramos

Fonte: Página do MST



Os prejuízos causados à saúde com a utilização exagerada de agrotóxicos ainda são desconhecidos pela maioria da população e pouco discutidos pela sociedade. Por isso, mais de 20 entidades lançaram a campanha nacional contra o uso dos agrotóxicos.

Na semana passada, essas entidades participaram do seminário contra o uso dos agrotóxicos, organizado pela Via Campesina, em parceria com a Fiocruz e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio.

Na atividade, os participantes fizeram um estudo sobre os impactos dos agrotóxicos na economia agrícola nacional, na saúde pública e no ambiente. A partir dessas discussões, a campanha tirou como eixos de atuação informar a sociedade sobre os efeitos da utilização desse “agroveneno” e apresentar uma nova proposta para a agricultura.
Roseli de Sousa, da direção nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e da Via Campesina, afirma que a meta da campanha é “denunciar esse modelo de produção agrícola, as causas desse veneno e alertar sobre quantas pessoas hoje estão doentes, sobretudo, com câncer, em função do uso desses venenos”.

A seguir, leia a entrevista concedida à Pagina do MST.

Como você avalia o seminário contra o uso dos agrotóxicos?



O seminário dos agrotóxicos foi um grande passo contra o uso exagerado de venenos na agricultura brasileira. O Brasil já é campeão em consumo de venenos, em consumo de agrotóxicos. Isso gera grandes danos à saúde da população. Nesse momento, em que há grandes avanços do agronegócio, o seminário foi de extrema importância, já que o veneno é parte desse modelo de desenvolvimento de agricultura. Além disso, conseguimos reunir quase 30 entidades e organizações de diversos setores da sociedade. Isso é um grande avanço na tentativa de conscientização contra esse modelo agrícola.



Quem são os maiores prejudicados pelo o uso do agrotóxico na agricultura brasileira?



Quem produz, como os camponeses, os agricultores, os assentados, sofre um efeito maior porque está em contato direto com o veneno. Mas também a população em geral, que consome um produto que não é de boa qualidade, é o maior prejudicado. Assim, as doenças aumentam e aparecem cada vez mais. E quem lucra com isso tudo, sem dúvida, são as empresas.



Quais os objetivos da campanha?



O grande objetivo da nossa articulação contra o agrotóxico e do seminário em si é conseguir traçar um plano, uma estratégia de combate a esse modelo agrícola e ao grande uso de veneno no Brasil. A partir disso, essas articulação vai resultar na campanha nacional contra o agrotóxico no Brasil.



Como será realizada?



A nossa campanha terá dois eixos. O primeiro tem como meta denunciar esse modelo de produção agrícola, as causas desse veneno e alertar sobre quantas pessoas hoje estão doentes, sobretudo, com câncer, em função do uso desses venenos, além de como é que esse veneno tem sido uma das formas do agronegócio ganhar dinheiro. O que as empresas lucram vendendo o veneno é muito grande. Dessa forma, um dos eixos da campanha será a denúncia desse modelo.



E o segundo eixo da campanha?



Vamos anunciar o que queremos para a sociedade, dentro de um outro projeto de desenvolvimento para a agricultura. Assim, devemos almejar um desenvolvimento baseado na agroecologia, na agricultura saudável, na produção de alimentos para toda a população. Baseado também numa outra sociedade com outros tipos de valores, que valorize uma educação e uma saúde diferente. Certamente, a nossa campanha terá esses dois eixos: denúncia contra o modelo agronegócio e anúncio de qual sociedade nós queremos para o futuro.



Quais setores da sociedade podem se somar nessa luta?



Nós já temos engajados nessa luta os movimentos sociais da Via Campesina, centrais sindicais, setores das universidades, médicos, organizações não governamentais (ONGs). Tivemos também a presença muito importante da atriz Priscila Camargo no seminário. Ela representou os artistas e se colocou à disposição para ajudar a fazer esse grande debate no meio dos artistas.



Temos também o apoio da Fiocruz, sobretudo da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fiocruz. Passaram pelo seminário diversos pensadores e professores, que nos ajudaram e que estão se engajando nesse debate. Nós queremos convidar não só esses, mas todos os setores da sociedade para fazer parte desse grande debate, dessa grande conscientização para de fato darmos um outro rumo para a nossa agricultura brasileira.



Como a sociedade pode se informar sobre o tema dos agrotóxicos e participar da campanha?



Em breve, nós teremos um site e um blog no ar. Os interessados também podem procurar nossos veículos de comunicação de apoio, como o Brasil de Fato, que vai elaborar matérias específicas sobre o tema, além dos movimentos sociais ligados à Via Campesina. Nos seus espaços de trabalho, de militância e de atuação, devem procurar informações sobre as causas dos venenos e ajudar nessa grande conscientização.



O dia 16 de outubro é o Dia Internacional dos Alimentos. É um dia também em que a gente quer fazer debates e ações contra esse modelo e a favor da produção saudável. Certamente, terão outros meios que, logo assim que a gente estruturar melhor a campanha, vai estar à disposição de toda a sociedade a fim de se somar a esse grande debate.







Quais serão as ações a serem realizadas no Dia Internacional dos Alimentos?



É tradição da Via Campesina Brasil e Internacional fazer grandes debates em torno dos alimentos saudáveis no dia 16 de outubro. Os estados e os movimentos nas suas regiões devem promover debates e ações. Vamos fazer também 5º Congresso da Coordenação Latino Americana de Organizações do Campo (CLOC), no Equador. Por isso, o dia 16 vai ser um dia de grande debate em toda a América Latina.



Qual a nossa tarefa para o próximo período?



Fica a grande tarefa de entender de fato quem são os grandes prejudicados com o uso de agrotóxico. Enquanto as empresas como a Bayer, a Monsanto, a Syngenta, além de outras, ganham tanto dinheiro, a população está condenada a morrer por doenças adquiridas em função do uso dos agrotóxicos. Neste contexto, o seminário representou passos que devem ser continuados.



Cada indivíduo desse país precisa fazer a sua parte. Cada um de nós precisa ajudar a desconstruir esse modelo de produção agrícola e construir outro modelo de sociedade, baseado na agroecologia, baseado na vida humana. Nós queremos uma agricultura camponesa que preserve os recursos naturais e que resgate as práticas camponesas de cultivo, que está comprometida hoje com o bem estar de quem produz e de quem consome o alimento. Nós só vamos ter um outro modelo de sociedade se conseguirmos fazer a Reforma Agrária.


Data de Publicação: 30 de setembro de 2010

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

(Uruguay-Brasil/Historia) - “Sin la ayuda de Brasil y la CIA no liquidaban a los tupamaros”

Un ex represor brasileño confesó que participó de los preparativos de la Operación Charrúa para invadir Uruguay en 1971 si Juan María Bordaberry no ganaba las elecciones. Dijo que tras la ejecución de Dan Mitrione y el secuestro del cónsul Aloysio Dias Gomide, Brasil y la Central de Inteligencia Americana (CIA) tuvieron directa participación en la represión de los tupamaros.


Roger Rodriguez


Las revelaciones del hoy abogado Marco Polo Giordani, ex agente en Porto Alegre del Destacamento de Operaciones de Información (DOI) dependiente del federal Centro de Operaciones de Defensa Interna (CODI) con sede en San Pablo, fueron realizadas al periodista José Mitchell durante una entrevista del ciclo Historias que, producido por la televisora TVCOM, fue emitido el pasado 11 de setiembre en la red de cable de Río Grande del Sur y generó fuertes repercusiones en blogs y webs de los telespectadores.

Marco Polo Giordani, quien llegó al grado de sargento segundo del ejército brasileño, fue cooptado desde muy joven por los servicios de inteligencia de la dictadura norteña, entrenado en teoría y represión en la Escuela Superior de Guerra (ESG) e infiltrado en la Facultad de Derecho de Porto Alegre, para pasar a desempeñarse como 'espía' durante diez años al servicio del temible DOI-CODI, responsable de la mayoría de las muertes y desapariciones de opositores durante el régimen militar brasileño.

Confeso ultraderechista y abogado del 'negacionista' Siegfield Elwanger Castan (varias veces encausado por el activista de los derechos humanos Jair Krischke debido a sus publicaciones antisemitas que cuestiona la existencia del holocausto judío), Giordani admitió que durante sus años de espionaje hizo seguimiento a políticos de la actualidad como Pedro Simón, Tarso Genro e Ibsen Pinheiro, además de controlar algunos viajes a tierras gaúchas del fallecido líder comunista Luis Carlos Prestes, a quienes calificó como “esa turba de izquierdistas”.

“OPERACIÓN CHARRÚA”

Giordani explicó que el Sistema Nacional de Informaciones, creado en Brasil luego del derrocamiento de João Goulart en 1964, fue un modelo para la DINA de Chile, los servicios de Argentina y, particularmente, los aparatos represivos de Uruguay a los cuales Brasil proveía “de armas, municiones, materiales y gente, porque no tenían infraestructura” para enfrentar a un “movimiento subversivo como los tupamaros que hasta tenían hospitales subterráneos”.

El represor brasileño sostuvo: “Cuando estaba en la tropa nos preparamos para la Operación Charrúa por la que íbamos a invadir a Uruguay si Bordaberry no ganaba las elecciones. Como ganó, no invadimos. Yo tengo conocimiento de que nosotros colaboramos sustancialmente para la liquidación del movimiento tupamaro. Si no fuera por nosotros y también por la CIA, los uruguayos por sí solos no podían liquidarlos. Ésa es la realidad”, dijo.

"Después que mataron a Dan Mitrione y secuestraron al cónsul en Uruguay, hubo una reunión entre el presidente norteamericano [Richard Nixon] y [Emilio Garrastazú] Médici, y ellos decidieron desmantelar al movimiento tupamaro”, afirmó Giordani para confirmar lo que señalan archivos estadounidenses recientemente descalificados en los que Nixon en un diálogo con su secretario de Estado, Henry Kissinger, precisamente dice que el dictador brasileño los había ayudado con la situación de Uruguay.

Giordani se hizo conocido en Brasil cuando editó el libro Brasil Sempre como respuesta al libro Brasil Nunca Más, donde se enumeraban los crímenes de lesa humanidad cometidos por la dictadura militar entre 1964 y 1985. También ha editado el libro Operación Estrela Vermelha, entre otras publicaciones que reivindican la represión y la Doctrina de la Seguridad Nacional brasileña.

LILIÁN Y UNIVERSINDO

El ex agente brasileño también reveló que en 1978, cuando se produjo el secuestro en Porto Alegre de los uruguayos Lilián Celiberti y Universindo Rodríguez, “alguien” quería que el operativo lo realizara el sector de informaciones del Ejército brasileño, pero los mandos militares se negaron y la coordinación de la operación represiva con los represores uruguayos fue encomendada al Departamento de Orden Político y Social (DOPS) de la policía gaúcha.

El secuestro de Celiberti y Rodríguez fue descubierto por dos periodistas brasileños que al denunciar el caso provocaron un escándalo internacional y obligaron al comando militar uruguayo, encabezado por el capitán Eduardo Ferro, a mantener con vida a los dos militantes del Partido por la Victoria del Pueblo (PVP) que fueron trasladados ilegalmente a Uruguay y finalmente terminaron procesados por la Justicia militar.

“Si nosotros hubiéramos hecho la operación, no hubiera ocurrido lo que pasó, pero se la dieron al DOPS. Esos uruguayos eran subversivos. Los pintaron como héroes, pero eran subversivos tupamaros”, confesó Giordani, quien también admitió que durante los años de dictadura, personal brasileño fue a Uruguay para preparar a los agentes uruguayos en la lucha contra la subversión. “Incluso el delegado Felury fue allá y dio clases. No sé si realizó operaciones”, agregó.

Sergio Paranhos Fleury, jefe del DOPS brasileño, fue señalado por el ex agente uruguayo Mario Barreiro Neira como el represor brasileño enviado por el dictador Médici para coordinar con los militares uruguayos la denominada Operación Escorpión por la que se habría cambiado una medicación del derrocado presidente João Goulart para provocarle la muerte en 1976, en el marco del llamado Plan Cóndor.

(*) Periodista uruguayo
Fecha de Publicación: 26 sepriembre de 2010

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Brasil - Meios de Comunicação) - Liberdade de expressão: um ato para a história

Mais de 400 pessoas acompanharam ato público no Sindicado de Jornalistas de São Paulo sobre os últimos acontecimentos na área midiática

Renato Rovai

Fonte: Revista Fórum – Blog do Rovai

O Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo viveu um dos seus melhores dias nesta quinta-feira à noite.

Eram 18h15 quando este blogueiro chegou ao local e mais de cinquenta pessoas já se aglomeravam no auditório Wladimir Herzog, que tem capacidade para 100 pessoas sentadas.

O ato começaria às 19h, registre-se.

Entramos numa das salas da diretoria da entidade pra discutir os encaminhamentos do evento e quando saimos, umas 18h45, o auditório já está lotado.

O ato começou às 19h20. Éramos umas 300 pessoas no auditório e uma fila de mais de 100 tentando entrar.

Ao fim, os mais pessimistas falavam em 600 presentes. E os otimistas em mais de 1 mil. Este blogueiro arrisca dizer que de 700 a 800 pessoas estiveram no Sindicato dos Jornalistas nesta quinta à noite.

Havia gente no corredor, no saguão do prédio e na rua. Algo impressionante.

E gente de diversos lugares. Um número considerável de pessoas de outras cidades e até de outros estados.

Além da presença de muitos veículos da mídia independente e livre, o que surpreendeu foi a presença maciça de órgãos da mídia tradicional. Provavelmente esses veículos esperavam que algo fosse dar errado. Ou imaginavam que a gente repetiria o fiasco do ato que ajudaram a promover na tarde de ontem na Faculdade do Largo São Francisco. E que não juntou nem 100 pessoas.

De qualquer forma é importante que se registre aqui que a relação com a imprensa comercial foi absolutamente respeitosa. Nenhum jornalista teve qualquer dificuldade pra realizar o seu trabalho.

Posso assegurar, porque fiz essa mediação, que todos foram tratados de forma democrática e respeitosa.

Havia gente do Globo, do Estadão, da Folha, da Record, da Veja etc.

Da mesa do participaram representantes da CUT, CTB, CGTB, Nova Central Sindical, MST, Altercom, Barão de Itararé, Sindicato dos Jornalistas, PDT, PCdoB e PSB.

Pelo PSB falou a deputada federal Luiza Erundina. Ela encerrou o encontro e foi a mais aplaudida da noite.

Segue a carta lida pelo Altamiro Borges, em nome do Centro de Estudos Barão de Itararé. É importante que ela seja divulgada para todos os cantos possíveis.

Pela ampla liberdade de expressão no Brasil.

O ato “contra o golpismo midiático e em defesa da democracia”, proposto e organizado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, adquiriu uma dimensão inesperada.

Alguns veículos da chamada grande imprensa atacaram esta iniciativa de maneira caluniosa e agressiva. Afirmaram que o protesto é “chapa branca”, promovido pelos “partidos governistas” e por centrais sindicais e movimentos sociais “financiados pelo governo Lula”. De maneira torpe e desonesta, estamparam em suas manchetes que o ato é “contra a imprensa”.

Diante destas distorções, que mais uma vez mancham a história da imprensa brasileira, é preciso muita calma e serenidade. Não vamos fazer o jogo daqueles que querem tumultuar as eleições e deslegitimar o voto popular, que querem usar imagens da mídia na campanha de um determinado candidato. Esta eleição define o futuro do país e deveria ser pautada pelo debate dos grandes temas nacionais, pela busca de soluções para os graves problemas sociais. Este não é momento de baixarias e extremismos.

Para evitar manipulações, alguns esclarecimentos são necessários:

1. A proposta de fazer o ato no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo teve uma razão simbólica. Neste auditório que homenageia o jornalista Vladimir Herzog, que lutou contra a censura e foi assassinado pela ditadura militar, estão muitos que sempre lutaram pela verdadeira liberdade de expressão, enquanto alguns veículos da “grande imprensa” clamaram pelo golpe, apoiaram a ditadura – que torturou, matou, perseguiu e censurou jornalistas e patriotas – e criaram impérios durante o regime militar. Os inimigos da democracia não estão no auditório Vladimir Herzog. Aqui cabe um elogio e um agradecimento à diretoria do sindicato, que procura manter este local como um espaço democrático, dos que lutam pela verdadeira liberdade de expressão no Brasil.

2. O ato, como já foi dito e repetido – mas, infelizmente, não foi registrado por certos veículos e colunistas –, foi proposto e organizado pelo Centro de Estudos Barão de Itararé, entidade criada em maio passado, que reúne na sua direção, ampla e plural, jornalistas, blogueiros, acadêmicos, veículos progressistas e movimentos sociais que lutam pela democratização da comunicação. Antes mesmo do presidente Lula, no seu legítimo direito, criticar a imprensa “partidarizada” nos comícios de Juiz de Fora e Campinas, o protesto contra o golpismo midiático já estava marcado. Afirmar o contrário, insinuando que o ato foi “orquestrado”, é puro engodo. Tentar partidarizar um protesto dos que discordam da cobertura da imprensa é tentar, isto sim, censurar e negar o direito à livre manifestação, o que fere a própria Constituição. É um gesto autoritário dos que gostam de criticar, mas não aceitam críticas – que se acham acima do Estado de Direito.

3. Esta visão autoritária, contrária aos próprios princípios liberais, fica explícita quando se tenta desqualificar a participação no ato das centrais sindicais e dos movimentos sociais, acusando-os de serem “ligados ao governo”. Ou será que alguns estão com saudades dos tempos da ditadura, quando os lutadores sociais eram perseguidos e proibidos de se manifestar? O movimento social brasileiro tem elevado sua consciência sobre o papel estratégico da mídia. Ele é vítima constante de ataques, que visam criminalizar e satanizar suas lutas. Greves, passeatas, ocupações de terra e outras formas democráticas de pressão são tratadas como “caso de polícia”, relembrando a Velha República. Nada mais justo que critiquem os setores golpistas e antipopulares da velha mídia. Ou será que alguns veículos e até candidatos, que repetem o surrado bordão da “república sindical”, querem o retorno da chamada “ditabranda”, com censura, mortos e desaparecidos? O movimento social sabe que a democracia é vital para o avanço de suas lutas e para conquista de seus direitos. Por isso, está aqui! Ele não se intimida mais diante do terrorismo midiático.

4. Por último, é um absurdo total afirmar que este ato é “contra a imprensa” e visa “silenciar” as denúncias de irregularidades nos governos. Só os ingênuos acreditam nestas mentiras. Muitos de nós somos jornalistas e sempre lutamos contra qualquer tipo de censura (do Estado ou dos donos da mídia), sempre defendemos uma imprensa livre (inclusive da truculência de certas redações). Quem defende golpes e ditaduras, até em tempos recentes, são alguns empresários retrógrados do setor. Quem demite, persegue e censura jornalistas são os mesmos que agora se dizem defensores da “liberdade de imprensa”. Somos contra qualquer tipo de corrupção, que onera os cidadãos, e exigimos apuração rigorosa e punição exemplar dos corruptos e dos corruptores. Mas não somos ingênuos para aceitar um falso moralismo, típico udenismo, que é unilateral no denuncismo, que trata os “amigos da mídia” como santos, que descontextualiza denúncias, que destrói reputações, que desrespeita a própria Constituição, ao insistir na “presunção da culpa”. Não é só o filho da ex-ministra Erenice Guerra que está sob suspeição; outros filhos e filhas, como provou a revista CartaCapital, também mereceriam uma apuração rigorosa e uma cobertura isenta da mídia.

5- Neste ato, não queremos apenas desmascarar o golpismo midiático, o jogo sujo e pesado de um setor da imprensa brasileira. Queremos também contribuir na luta em defesa da democracia. Esta passa, mais do que nunca, pela democratização dos meios de comunicação. Não dá mais para aceitar uma mídia altamente concentrada e perigosamente manipuladora. Ela coloca em risco a própria a democracia. Vários países, inclusive os EUA, adotam medidas para o setor. Não propomos um “controle da mídia”, termo que já foi estigmatizado pelos impérios midiáticos, mas sim que a sociedade possa participar democraticamente na construção de uma comunicação mais democrática e pluralista. Neste sentido, este ato propõe algumas ações concretas:

- Desencadear de imediato uma campanha de solidariedade à revista CartaCapital, que está sendo alvo de investida recente de intimidação. É preciso fortalecer os veículos alternativos no país, que sofrem de inúmeras dificuldades para expressar suas idéias, enquanto os monopólios midiáticos abocanham quase todo o recurso publicitário. Como forma de solidariedade, sugerimos que todos assinemos publicações comprometidas com a democracia e os movimentos sociais, como a Carta Capital, Revista Fórum, Caros Amigos, Retrato do Brasil, Jornal Brasil de Fato, Revista do Brasil, Hora do Povo entre outros; sugerimos também que os movimentos sociais divulguem em seus veículos campanhas massivas de assinaturas destas publicações impressas;

- Solicitar, através de pedidos individuais e coletivos, que a vice-procuradora regional eleitoral, Dra. Sandra Cureau, peça a abertura dos contratos e contas de publicidade de outras empresas de comunicação – Editora Abril, Grupo Folha, Estadão e Organizações Globo –, a exemplo do que fez recentemente com a revista CartaCapital. É urgente uma operação “ficha limpa” na mídia brasileira. Sempre tão preocupadas com o erário público, estas empresas monopolistas não farão qualquer objeção a um pedido da Dra. Sandra Cureau.

- Deflagrar uma campanha nacional em apoio à banda larga, que vise universalizar este direito e melhorar o PNBL recentemente apresentado pelo governo federal. A internet de alta velocidade é um instrumento poderoso de democratização da comunicação, de estimulo à maior diversidade e pluralidade informativas. Ela expressa a verdadeira luta pela “liberdade de expressão” nos dias atuais. Há forte resistência à banda larga para todos, por motivos políticos e econômicos óbvios. Só a pressão social, planejada e intensa, poderá garantir a universalização deste direito humano.

- Apoiar a proposta do jurista Fábio Konder Comparato, encampada pelas entidades do setor e as centrais sindicais, do ingresso de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) por omissão do parlamento na regulamentação dos artigos da Constituição que versam sobre comunicação. Esta é uma justa forma de pressão para exigir que preceitos constitucionais, como o que proíbe o monopólio no setor ou o que estimula a produção independente e regional, deixem de ser letra morta e sejam colocados em prática. Este é um dos caminhos para democratizar a comunicação.

- Redigir um documento, assinado por jornalistas, blogueiros e entidades da sociedade civil, que ajude a esclarecer o que está em jogo nas eleições brasileiras e que o papel da chamada grande imprensa tem jogado neste processo decisivo para o país. Ele deverá ser amplamente divulgado em nossos veículos e será encaminhado à imprensa internacional.

Data de Publicação: 23 de setembro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

(Filosofia-cultura II) -Hannah Arendt

Verdade e Política: fato versus opinião versus mentira no plano do domínio público (Parte II)


LEILA BRITO


No entendimento de Duarte (2000, 175), a revisão arendtiana da distinção tradicional entre verdade e política não implica aceitar nem um suposto caráter inquestionável da verdade nem o caráter irracional ou não-argumentativo da opinião. Os modos de pensamento e de comunicação que tratam com a verdade, “quando vistos da perspectiva da política”, são necessariamente tirânicos; eles não levam em conta as opiniões das demais pessoas, e tomá-las em consideração é característico de todo pensamento estritamente político. De uma perspectiva política, a opinião não é simplesmente um modo de expressão marcado por seu grau intermediário entre o conhecimento verdadeiro e o erro ou ignorância, como afirmou Platão. [...] A opinião [...] deve ser vista [...] como a expressão de um “ponto de vista” ou “perspectiva” alargados, a partir dos quais os eventos particulares do mundo tornam-se significativos e podem ser objeto de uma discussão, de um acordo provisório ou do conflito político (DUARTE, 2000, p. 177).

Neste sentido, Arendt explica que o apagamento da linha divisória entre verdade fatual e opinião é uma das inúmeras formas que o mentir pode assumir, sendo porém, todas elas, “formas de ação”. O mentiroso é um homem de ação, ao passo que o que fala a verdade, quer ele diga a verdade fatual ou racional, notoriamente não o é. Se o que fala a verdade fatual quiser desempenhar um papel político e, portanto, persuasivo, o mais das vezes terá que entrar em digressões consideráveis para explicar por que sua verdade particular atende aos melhores interesses do grupo. O mentiroso, ao contrário, não carece de uma acomodação equívoca semelhante para aparecer no palco político; ele tem a grande vantagem de estar sempre, por assim dizer, em meio a ele. Ele é um ator por natureza; ele diz o que não é por desejar que as coisas sejam diferentes daquilo que são – isto é, ele quer transformar o mundo. Ele tira partido da inegável afinidade de nossa capacidade de ação, de transformar a realidade, com a misteriosa faculdade que nos capacita a dizer “O sol brilha” quando chove a cântaros (ARENDT, 1972, p. 309-310).

Por fim, o que é mais perturbador, se as mentiras políticas modernas são tão grandes que requerem um rearranjo completo de toda a trama fatual, a criação de outra realidade, por assim dizer, na qual elas se encaixem sem remendos, falhas ou rachaduras, exatamente como os fatos se encaixavam em seu próprio contexto original, o que impede essas novas estórias, imagens e pseudofatos de se tornarem um substituto adequado para a realidade e fatualidade? [...] Um anedota medieval mostra o quanto pode ser difícil mentir para os outros sem mentir a si próprio. [...] Somente o auto-engano pode criar uma aura de veracidade, e em um debate a respeito de fatos, o único fator persuasivo que ocasionalmente tem possibilidade de prevalecer contra o prazer, o medo e o lucro é a aparência pessoal (ARENDT, 1972, p. 313 e 314).

Sob o sistema atual de comunicação mundial, cobrindo um vasto número de nações independentes, não existe em parte alguma uma potência próxima de ser grande o bastante para tornar sua imagem “irrefutável”. As imagens têm, pois, uma probabilidade de vida relativamente curta; é de crer que sejam desacreditadas não apenas quando a fraude for derrubada e a realidade reaparecer em público, mas antes mesmo que isso aconteça, pois constantemente fragmentos dos fatos perturbam e desengrenam a guerra de propaganda entre imagens conflitantes. [...] o resultado de uma substituição coerente e total da verdade dos fatos por mentiras não é passarem estas a ser aceitas como verdade, e a verdade ser difamada como mentira, porém, um processo de destruição do sentido mediante o qual nos orientamos no mundo real – incluindo-se entre os meios mentais para esse fim, a categoria de oposição entre verdade e falsidade. [...] Como todas as coisas que ocorreram efetivamente no âmbito dos assuntos humanos poderiam ter sido igualmente de outro modo, as possibilidades da mentira são ilimitadas, e é isso a causa de sua derrocada (ARENDT, 1972, p. 316, 317 e 318).

No ensaio Verdade e Política, Arendt discute não apenas os dilemas políticos implicados na tradicional subsunção da opinião política a critérios extrapolíticos para a aferição de sua verdade, pois analisa, também, as desastrosas implicações políticas da redução da “verdade factual” à “opinião” e as consequências de sua destruição pela “mentira” política. Considera-se, portanto, o dano que o poder político é capaz de infligir à verdade acerca dos fatos políticos de uma dada comunidade, os quais podem ser apagados: (1) por meio da reescritura totalitária da história; (2) da disseminação organizada da mentira através da mídia; (3) ou por meio de sua transformação em meras opiniões, com as quais se pode consentir ou não (DUARTE, 2000, p. 185).

Não se trata de afirmar que a mentira e a manipulação constituam a própria essência do discurso político, mas sim de reconhecer a impossibilidade de extirpá-las desse domínio, extingui-lo. O que é preciso impedir é que a mentira e a manipulação possam converter-se nos elementos centrais do discurso político, de sorte que a luz do espaço público deixe de revelar novas perspectivas do mundo e passe a escondê-las e destrui-las. [...] O problema da mentira na política torna-se grave e urgente, quando ela deixa de ser tópica a passa a abranger todo um contexto em que os fatos contingentes tornam-se significativos, bem como quando ela passa a redefinir os contornos do presente e do passado por meio da reescritura da história. Nessas circunstâncias, a mentira [...] é a arte de destruir toda evidência que a contradiga, destruindo, assim, o próprio tecido do espaço público ao apagar completamente as fronteiras entre fato e ficção (DUARTE, 2000, p. 185-186).

É nesse sentido que Arendt faz distinção entre os registros da verdade fatual e da opinião, buscando alternativas para se proteger o espaço público da mentira e da manipulação que podem estar contindas no fluxo das opiniões. A possibilidade da preservação da integridade do espaço público em relação à mentira e à manipulação depende da existência de instituições diretamente ocupadas com a reconstituição fidedigna dos fatos gerados pelo espaço público. Para a filósofa, é essencial que os fatos não sejam tratados como opiniões, que eles estejam “além de acordo e consentimento”, para serem aquilo sobre o que incide o debate e a troca de opiniões, de sorte que estas não sejam um meio através do qual os fatos são estabelecidos. Desta forma, segundo Arendt (1972), “a liberdade de opinião é uma farsa, a não ser que a informação factual seja garantida e os próprios fatos não sejam questionados” (DUARTE, 2000, 186).

Concluindo, a filósofa assevera: A verdade, posto que impotente e sempre perdedora em um choque frontal com o poder, possui uma força que lhe é própria: o que quer que possam idear aqueles que detêm o poder, eles são incapazes de descobrir ou inventar um sustituto para ela. A persuasão e a violência podem destruir a verdade, não substituí-la. [...] Considerar a política da perspectiva da verdade, como fiz aqui, significa situar-se em uma posição exterior ao âmbito político. Essa posição é a daquele que fala a verdade, e perde sua posição – e com ela a validade daquilo que tem a dizer – se tenta interferir diretamente nos assuntos humanos e falar a linguagem da persuação e da violência. [...] É inteiramente natural que nos tornemos cônscios da natureza não-política e mesmo, em potencial, anti-política da verdade – “Fiat veritas, et pereat mundus” – apenas na ocorrência de conflito [...].



A marca distintiva da verdade factual consiste em que seu contrário não é o erro, nem a ilusão, nem a opinião, nenhum dos quais se reflete sobre a veracidade pessoal, e sim a falsidade deliberada, a mentira [...]. Onde todos mentem acerca de tudo que é importante, aquele que conta a verdade começou a agir; quer o saiba ou não, ele se comprometeu também com os negócios políticos, pois, na improvável eventualidade de que sobreviva, terá dado um primeiro passo para a transformação do mundo [...]. Conceitualmente, podemos chamar de verdade aquilo que não podemos modificar; metaforicamente, ela é o solo sobre o qual nos colocamos de pé e o céu que se estende acima de nós (ARENDT, 1972, p. 308, 310-311 e 325).

Referências:

ARENDT, Hannah. Karl Marx and the tradition of western political thought: the modern challenge to tradition. Social Research, v. 69, n. 2 (2002c), p. 273-319, 1953.

ARENDT, Hannah. Verdade e política [1964/1967]. Entre o passado e o futuro. Trad. Mauro W. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 1972. p. 283-325. Tradução revisada pela Profª Drª Teresa Calvet de Magalhães.

DUARTE, André. O pensamento à sombra da ruptura: política e filosofia em Hannah Arendt. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

Data de Publicação: 22-09-2010



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(Filosofiia - geral) - Hannah Arendt

 Verdade e Política: fato versus opinião versus mentira no plano do domínio público (Parte I)


LEILA BRITO


O tema dessas reflexões é um lugar-comum. Jamais alguém pôs em dúvida que verdade e política não se dão muito bem com a outra, e até hoje ninguém, que eu saiba, incluiu entre as virtudes políticas a veridicidade. Sempre se consideraram as mentiras como ferramentas necessárias e justificáveis ao ofício não só do político ou do demagogo, como também do estadista. Por que é assim? E o que significa, por um lado, para a natureza e dignidade do domínio político, e, por outro lado, para a natureza e dignidade da verdade e da veracidade? É da essência mesma da verdade o ser impotente e da essência mesma do poder o ser embusteiro? E que espécie de realidade a verdade possui, se é impotente no domínio público, que, mais que qualquer outra esfera da vida humana, assegura a realidade da existência a homens sujeitos a nascimento e morte – isto é, a seres que sabem ter surgido do não-ser e que, após curto intervalo, novamente nele desaparecerão? E, por fim, não será a verdade impotente tão desprezível como o poder que não dá atenção à verdade? Essas questão são incômodas, porém emergem necessariamente de nossas convicções correntes sobre o assunto (ARENDT, 1972, p. 283).

Para Arendt, o momento traumático que originou um “abismo” entre filosofia e política coincide com o julgamento e a condenação de Sócrates pela polis ateniense, sendo, portanto, um momento “decisivo” na história do pensamento político ocidental. Assim, o fracasso de Sócrates em convencer o tribunal ateniense quanto à sua inocência e utilidade para a cidade está diretamente vinculado à constituição da tradição do pensamento político, na reflexão de Platão (DUARTE, 2000, p. 162). Em 1954, numa conferência intitulada “Filosofia e Política”, a filósofa afirmou: o abismo entre filosofia e política abriu-se historicamente com o julgamento e a condenação de Sócrates [...]. Nossa tradição do pensamento político teve início quando a morte de Sócrates fez Platão desencantar-se com a vida da “polis” e, ao mesmo tempo, duvidar de certos princípios fundamentais dos ensinamentos socráticos. (ARENDT, 1954 apud DUARTE, 2000, p. 162).

Em Karl Marx e a Tradição, de 1953, Arendt expõe o cerne do problema: [...] a filosofia política começou com a degradação da política e com o desprezo evidente dos filósofos por tudo que se relacionasse manifestamente à pluralidade dos homens e à sua vida comum (ARENDT, 1953). Tal degradação tem início em Platão, no seu desespero em relação à vida na polis, e as expressões teóricas desse desespero mantiveram-se dotadas de autoridade por muitos séculos. A ação perdeu a dignidade do pensamento e do discurso humanos (a verdade, segundo Platão, adere mais à lexis do que à práxis, ou seja, mais ao discurso do que à ação); o discurso, na medida em que, primariamente, era um falar com os outros, perdeu sua dignidade para uma pura contemplação sem palavras, sendo degradado em falatório irresponsável e arbitrário que expressa opiniões (doxa); finalmente, o pensamento separado do discurso e da ação, tornou-se um modo de vida ineficiente e não prático no bios theorétikos. A filosofia política nunca se recobraria deste choque (ARENDT, 1953 apud DUARTE, 2000, p. 164).

Desta forma, o conflito entre verdade e política surgiu historicamente de dois modos de vida diametralmente opostos – a vida do filósofo, tal como interpretada primeiramente por Parmênides e, depois, por Platão, e o modo de vida do cidadão. Às inconstantes opiniões do cidadão sobre os assuntos humanos, por si próprios em constante fluxo, contrapunha o filósofo a verdade acerca daquelas coisas que, por sua mesma natureza, eram eternas, e das quais, portanto, se podiam derivar princípios que estabilizassem os assuntos humanos (ARENDT, 1972, p. 289).

Por conseguinte, o oposto da verdade era a mera opinião, que era equacionada com a ilusão; e foi esse degradamento da opinião o que conferiu ao conflito sua pungência política; pois é a opinião, e não a verdade, que pertence à classe dos pré-requisitos indispensáveis a todo poder. “Todo governo assenta-se na opinião”, disse James Madison, e nem mesmo o mais autocrático tirano ou governante pode alçar-se algum dia ao poder, e muito menos conservá-lo, sem o apoio daqueles que têm o mesmo modo de pensar. Ao mesmo tempo, toda pretensão, na esfera dos assuntos humanos, a uma verdade absoluta, cuja validade não requeira apoio do lado da opinião, atinge na raiz mesma toda a política e todos os governos (ARENDT, 1972, p. 289-290).

Seria possível dizer, então, que, no mundo em que vivemos, os derradeiros vestígios do antigo antagonismo entre a verdade do filósofo e as opiniões “da praça do mercado” desapareceram; que “nem a verdade da religião revelada, a qual os pensadores políticos do século XVII ainda tratavam como grande malefício, nem a verdade do filósofo, desvelado ao homem na solidão, interfere mais nos assuntos do mundo”. Naturalmente, pois, “pensando em termos de tradição, é possível que nos sintamos autorizados a concluir, desse estado de coisas, que o antigo conflito finalmente foi resolvido, e sobretudo, que sua causa original, o embate da verdade racional com a opinião, desapareceu” (ARENDT, 1972, p. 292-293).

Estranhamente, porém, não é isso que acontece, pois o embate da verdade fatual com a política que hoje testemunhamos em tão larga escala tem ‒ pelo menos quanto a alguns aspectos ‒ feições bastante análogas. Ao passo que, provavelmente, nenhuma outra época tolerou tantas opiniões diversas sobre assuntos religiosos e filosóficos; a verdade fatual, se porventura opõe-se ao interesse de um determinado grupo, é acolhida hoje em dia com maior hostilidade que nunca (ARENDT, 1972, p. 293).

A filósofa fala dos segredos de Estado, que sempre existiram, e da necessidade de todo governo em classificar determinadas informações, subtraindo-as do conhecimento público, e ainda, de considerar e tratar como traidor aquele que revela segredos autênticos. Porém, deixa claro que os fatos em questão são aqueles conhecidos publicamente, muito embora o mesmo público que os conheça possa, com êxito e, amiúde, transformar em tabu sua discussão pública espontaneamente, tratando-os como se fossem justamente aquilo que não são, sou seja, segredos de Estado. Fenômeno curioso, no entendimento da filósofa, é que a asserção de tais fatos se mostre tão perigosa, como por exemplo, dentre muitos outros, a pregação do ateísmo ou alguma outra heresia em épocas passadas (ARENDT, 1972, p. 293).

Por outro lado, o que parece ainda mais perturbador é que, na medida em que as verdades fatuais inoportunas são toleradas nos países livres, amiúde elas são, de modo consciente e inconsciente, transformadas em opiniões. E visto que tais verdades fatuais se relacionam com problemas de imediata relevância política, o que se acha em jogo é essa mesma realidade comum e fatual, e isso é, com efeito, um problema político de primeiro plano. E com base no fato de que a verdade fatual parece sofrer, com frequência, destino similar à verdade filosófica, quando exposta publicamente para ser contraditada não por mentiras e falsidades deliberadas mas pela opinião, a filósofa reabre a antiga e aparentemente obsoleta questão da verdade versus opinião (ARENDT, 1972, p. 293-294). E neste campo, segundo Duarte (2000):

Para Arendt, não é mais possível fechar a lacuna aberta entre filosofia e política, e o máximo que o filósofo e o teórico da política podem fazer, se de fato querem superar a tradicional recusa ou hostilidade filosófica em relação à política, é levar em consideração a existência desse abismo e refletir a partir dessas duas “perspectivas” ou “modos de existência” distintos, questionando a sua hierarquia tradicional, a fim de encontrar os pontos de menor distanciamento entre pensamento e ação. [...] Arendt tentou escapar ao conflito ordinário entre política e filosofia estabelecendo um contraste entre “perspectivas” e “modos de existência” distintos, porém, complementares, tais como: as faculdades do pensamento e do juízo; o ponto de vista do ator político engajado e do pensador da política; os registros da verdade e da opinião; da ‘práxis’ e da ‘poiesis’, da ‘phronesis’ e da ‘techne’ etc. (DUARTE, 2000, p. 173)

Data de Publicação: 22-09-2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

(Brasil - Violência na área rural) - Assassinados trabalhadores sem terras no Pará

No Pará, Terra de direitos, uma nova crônica de uma morte anunciada


Aldrey Riechel

 Trabalhador rural e integrante do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), José Valmeristo Soares - conhecido como Caribé - foi assassinado no Pará. Três dias depois a polícia prendeu o filho do pastor e ex-deputado federal Josué Bengstson, Marcos Bengtson acusado de ser o mandante do crime.

Ulisses Manaças, coordenador Estadual do MST, afirma que as agressões, que muitas vezes resultam em mortes no Estado não são novidades. Segundo ele, foram mortos quase 700 lideranças nos últimos anos, e 60% dos casos não tiveram o inquérito policial concluído para que as investigações pudessem ser iniciadas.

Antes do assassinato, os trabalhadores rurais fizeram denúncias à Ouvidoria Agrária Nacional, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), à Ouvidoria Estadual, à Defensoria Pública às delegacias de policias a Ministério Público Federal. As razões eram diversas: tiros foram ouvidos na fazenda, líderes do MST foram presos sem nenhum mandado policial ou qualquer documento oficial e retidos na fazenda sem poder buscar alimentos, já que seguranças da propriedade os impediam.

Apesar das denúncias, nenhuma providência foi feita. "As medidas de proteção para coibir esse tipo de ação não foram tomadas. Mostrou mais uma falha do governo, mais uma falha do Estado em relação a essa questão crimes agrários no Pará", lamenta Manaças.

No dia em que o crime ocorreu, Caribé e João Batista Galdino estavam indo até a cidade de Santa Luzia do Pará para prestar um novo depoimento sobre a denúncia feito pelo MST de um despejo arbitrário na fazenda. João Batista também foi torturado, mas conseguiu fugir.

Até o momento, Marcos Bengtson e outros dois suspeitos estão presos e os militantes do MST voltaram a ocupar a fazenda Cambará. João Batista Gauldino, que sobreviveu ao atentado, está sob proteção especial.

Veja abaixo a entrevista com Ulisses Manaças.

Amazônia.org - Por que a fazenda Cambará foi ocupada? O que motivou a ação?

Ulisses Manaças - Primeiro porque se trata de uma terra pública. Ela faz parte de uma gleba federal chamada Pau de Remo e a fazenda Cambará, que possui 6886 hectares, também. São todas terras da União, mas o Estado, por meio do Instituto de Terras do Pará (Iterpa) deu 1.800 de títulos de propriedades para um fazendeiro que depois vendeu para o José Bengstson, em 1961. Ele tem esses 1.800 títulos e reivindicava mais 2.500 títulos da área.

O Instituto de Terras do Pará, por meio do presidente José Benatti, resolveu anular o restante dos títulos que ele está reivindicando com uma medida administrativa e o Incra se comprometeu, através da superintendência regional 01, que é de Belém, a arrecadar o restante.

São cerca de 4 mil hectares de terras para criar o assentamento das famílias na fazenda Cambará. Por esse parecer, entendendo que é área conquistada.

Logo após a tragédia os trabalhadores resolveram retomar pra área para assegurar a conquista da terra.

Amazônia.org.br - O mandante do assassinato foi ex-deputado federal Josué Bengtson?

Manaças - Na verdade nós estamos acusando, mas não existe qualquer comprovação ainda. A não ser que a polícia quebre o sigilo telefônico do Josué Bengstson, o dono da propriedade e grileiro. Em relação ao seu filho, Marcos Bengstson, existem provas reais.

Os pistoleiros estavam no carro do Marcos Bengston, uma Hilux preta. Os pistoleiros eram, na verdade, seguranças pessoais dele. Toda vez que ele vinha de Belém pra fazenda, os seguranças o acompanhavam. Ou seja, os funcionários, a arma e o carro eram dele.

O que nós precisamos agora é que a polícia encontre a ligação do pai, que é candidato a deputado federal, e ex-deputado, já que renunciou ao mandato para não ser cassado pelo escândalo da máfia dos sanguessugas.

Amazônia.org.br - Crimes como este, contra lideranças e trabalhadores, acabam ficando impunes no Pará. Vocês acreditam que este caso será solucionado ou temem algum impunidade?

Manaças - Nós ficamos surpresos pela reação imediata da polícia. Como teve repercussão nacional, a polícia agiu rapidamente no caso. Menos de três dias e já estavam presos alguns dos envolvidos.

Agora, o problema não é prender, essa foi uma prisão temporária. O problema é manter preso e ter um julgamento justo. Na verdade todos os crimes que ocorrem aqui no Pará, nos últimos anos foram quase 700 assassinatos de trabalhadores e lideranças, a maioria deles, 60%, não tem o seu inquérito policial concluído. Isso que dá amparo para esse tipo de ações. Exatamente essa impunida

Nós estamos muito temerosos por se tratar de uma família poderosa. Eles fazem parte de um consórcio ligado ao agronegócio na região. Nosso temor é que eles mostrem toda a sua influência nesse caso e acabe ficando impune mais esse assassinato.

Amazônia.org.br - Por outro lado existem diversos processos contra os líderes do MST na região. Considera isso uma inversão da Justiça?

Manaças - Nós temos uma lista imensa de militantes nossos, dirigentes, que estão com processos judiciais. Inclusive temos uma lista de 11 pessoas que estão indiciadas porque fizeram protestos contra a Vale, porque fizeram uma luta pelos recursos naturais, para que fosse devolvidos por meio de serviços públicos para a população.

Um dos nossos dirigentes está sendo indiciado e três já foram condenados. É uma perseguição muito grande.

E como eles têm muito poder, a justiça acaba sendo parcial e julga sempre a favor desses grupos poderosos no Estado. Esse problema da impunidade e da criminalização dos movimentos sociais aqui na Amazônia, em especial no Pará, que nos deixa temerosos em relação ao resultado da apuração.

Por exemplo, no caso do assassinato do José Valmeristo, o Caribé, nós fizemos todas as denúncias formais possíveis para os órgãos do Estado, fizemos denuncia para a Ouvidoria Agrária Nacional, do Incra, fizemos denuncia para a Ouvidoria Estadual, do Incra, fizemos denuncia para a Defensoria Pública, delegacias de policias, corregedoria de policia por ação irregular da polícia militar de Santa Luzia do Pará... Fizemos várias denúncias e nenhuma providência foi tomada para que pudesse impedir mais esse assassinato premeditado e calculado.

Amazônia.org.br - Essas denúncias foram antes do assassinato acontecer?

Manaças - Sim, antes do assassinato. Fizemos denúncia inclusive para o MPF. A procuradora Ana Maria Magalhães formalizou as denúncias de despejo irregular. Aconteceram três despejos irregulares, sem mandado de reintegração de posse na área e havia várias denúncias de perseguição, intimações, apreensão de dirigentes, detenções de dirigentes nossos que foram levados do acampamento para a delegacia de Santa Luzia e Capitão Torres sem mandado de prisão.

Enfim, tinha uma situação de denúncia, de tiros no acampamento, já previamente denunciados. Mas a medida de proteção, as medidas para coibir esse tipo de ação não foram tomadas. Mostra-se mais uma falha do governo, mais uma falha do Estado em relação a essa questão crimes agrários no Pará.

No primeiro despejo que aconteceu em julho deste ano, o acampamento foi metralhado por seguranças armados. Uma empresa de segurança chamada Marca, e por seus jagunços, funcionários da fazenda também. Eles cercaram a fazenda.

Nós passamos um dia inteiro em cárcere privado, sem poder sair para as famílias buscarem alimentação fora do acampamento, foi uma ação extremamente arbitrária. A polícia chegou para expulsar as famílias sem mandado de reintegração de pose.

Todas essas denúncias foram formalizadas. Era uma região de conflito que o Estado mais uma fez foi inoperante, incompetente em poder mediar esses conflitos agrários. Tanto o governo do Estado, como o governo federal também, porque por meio da ouvidoria nacional, nós fizemos as denúncias formais e não foi tomada nenhuma providência.

Amazônia.org.br - Vocês estão em um Estado onde o caos fundiário é o maior do País e por consequência o conflito agrário é intenso na região. Como é a atuação no MST nesse cenário?

Manaças - O Pará está no topo do ranking nacional de todos os conflitos agrários. Se pegar trabalho escravo, número de queimadas, crimes ambientais, despejos arbitrários, torturas, assassinatos das lideranças, o Pará é, em todos esses indicadores, o campeão nacional.

O que causa os conflitos é exatamente o caos fundiário. O Pará tem mais 60% de suas áreas como terras públicas, mas que foram apropriadas de forma ilícita por fazendeiros, grileiros e empresas transnacionais.

Essa situação tem aumentado os conflitos e mudado os conflitos de natureza. Empresas mineradoras como a Vale, Alcoa, Albrás, Alunorte, têm disputado o solo paraense através de seus projetos de mineração provocando crimes ambientais graves e violações dos direitos humanos. Além da intervenção do agronegócio, da expansão da soja da implantação do porto da Cargill, no município de Satarém, a expansão da fronteira de soja para o Oeste do Pará, a pecuária, que também avança no Estado. É um conjunto de ações articuladas pelo agronegócio e pelas grandes multinacionais.

O MST tem agido no Pará, como o movimento que vai contendo essa bomba migratória, por meio da ocupação de terra. O MST tem trabalhado exatamente com essas populações, que são 'desterritorializadas', expulsas da terra, fazendo a luta social para garantir o que está na Constituição Federal, através do artigo 184, que é o papel do Estado de criar nas áreas improdutivas uma política de reforma agrária.

Então o MST, o seu grande papel aqui na Amazônia, tem sido lutar contra o latifúndio, contra esse modelo do capital para um novo modelo de desenvolvimento. Para nós esse novo modelo de desenvolvimento está calcado em uma nova matriz tecnológica para a agricultura. Na Amazônia se precisa mesclar uma agricultura camponesa, uma agricultura familiar com a agro ecologia que respeite a rica biodiversidade da Amazônia e nós como camponeses achamos que somos grandes guardiões, assim como os povos originários, indígenas, quilombolas, ribeirinhos.

Essa tem sido um pouco da ação do MST, que tem sido duramente criminalizada no Pará. Tem sofrido não só violência física, mas também tem sofrido uma criminalização por parte dos meios de comunicação, do judiciário que é conservador, fechado, antidemocrático e que criou essa 'peça' de que o MST é o responsável pelos conflitos agrários, quando é o inverso. O MST só existe porque existe um conflito agrário na Amazônia e no Pará que não foi resolvido por incompetência do Estado.

Data da Publicação: 21.9.2010

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

(Cuba/EEUU) - Un de los fundadores de la Nueva Trova cubana se apresentará en EEUU

Pablo Milanés regresa con su música a EE.UU. tras diez años de ausencia




Fuente: MONCADA/Cuba Debate/ Agencia EFE


Como el título de su conocida canción “Yo pisaré las calles nuevamente”, el cubano Pablo Milanés regresa a EE.UU. en octubre para ofrecer dos conciertos en California como preámbulo a su tour por el país previsto para el próximo año.

“Desde hace 10 años no visito Estados Unidos, la última vez que fui lo hice para dar unos conciertos en Nueva York, Washington, Chicago y Los Ángeles”, dijo Milanés a Efe desde Cuba en una conversación telefónica.

“Luego de una década regreso para presentar mis temas de siempre, los que la gente conoce y buena parte de mi repertorio se centrará también en mis últimos trabajos musicales“, agregó el cantautor nacido en Bayamo hace 67 años.

Las producciones discográficas más recientes del creador de “Yolanda”, “Para vivir” y “El breve espacio en que no estás”, entre muchas otras, son “Como un campo de Maíz” (2005) y “Regalo” (2007), en los que su canto al amor y al compromiso político y social siguen vigentes.

Precisamente “Regalo” es el nombre de la gira que lo llevará una vez más a suelo estadounidense, específicamente el 8 de octubre al teatro Paramount de la ciudad de Oaklan, en California, y el 10 de octubre al Gibson Amphitheatre de la ciudad de Los Ángeles.

“Es una gran satisfacción visitar esta parte de los EE.UU. que ya conozco, donde sé que hay un número considerable de latinos y de norteamericanos que conocen y siguen mi trabajo desde que me presenté la primera vez” en la década de los setenta, señaló Milanés, reconocido como uno de los creadores de la llamada “Nueva Trova Cubana”.

Al ser consultado sobre la posibilidad de que se levanten algunas voces de protesta ante su visita, tal como sucedió recientemente en varios de los conciertos de su compatriota Silvio Rodríguez, Milanés prefirió no ahondar en ese tema.

“Mi intención es que estas presentaciones se entiendan como un espacio para compartir nuestras posiciones musicales y artísticas y ponerlas a consideración de la gente, en un contexto, el norteamericano, por el que siempre he sentido admiración musical en casi todos los géneros y que indudablemente han influido en mi creación”, explicó.

En sus dos conciertos de California, el ganador de dos Grammy en el año 2006, actuará junto a su grupo musical, que le acompaña desde hace más de 20 años.

Para el primer trimestre de 2011 tiene prevista la continuación de las actuaciones en 15 ciudades de EE.UU., entre ellas, San Francisco, Nueva York, Nueva Orleans, Las Vegas y Chicago.

Pablo Milanés comenzó su carrera profesional a comienzos de la década de los sesenta, en 1963 compuso su primera canción “Tu mi desengaño” y durante más de cuatro décadas de trabajo ha editado más de 40 discos.

“Me siento muy ilusionado de poder volver y compartir mi trabajo con el pueblo norteamericano y latino que me espera”, destacó el músico.

Fecha de Publicación: 17 Septiembre 2010

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

(Argentina -Medios de Comunicación) - Cristina Krischner inaugurou sinal infantil Paka Paka MEN

Presidenta argentina cumple la nueva Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual y es muy criticada por los medios de mercado

Se refirió también a su participación en la Asamblea de la ONU

La Presidenta inauguró la nueva señal infantil Paka Paka

Cristina Fernández inauguró la señal infantil Paka Paka, del Ministerio de Educación de la Nación, señalando que con ello se cumple la nueva Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual. Destacó que el formato es "absolutamente nacional, hecho por argentinos, para argentinos"

La presidenta Cristina Fernández dio por inaugurada hoy la nueva señal infantil Paka Paka del Ministerio de Educación de la Nación que llegará a todo el país y a Latinoamérica, señalando que con ello se cumple con la nueva ley de Servicios de Comunicación Audiovisual que además exige “a todos –a todos- insistió, que una parte importante de la programación esté dedicada a programas para niños”.

Además, se refirió a su participación en la Asamblea General de las Naciones Unidas. "El viernes (24 de septiembre) por la mañana voy a hablar ante la ONU y el martes 28 asume la Argentina por -primera vez- la presidencia del G-77”, destacó Cristina y aseguró que “es un gran honor” para el país. Fue en declaraciones posteriores a los medios.

El inicio de la transmisión de la señal infantil se realizó desde la Residencia Presidencial de Olivos, con la presencia del ministro de Educación, Alberto Sileoni, el embajador de España en la Argentina, Rafael Estrella, el presidente del Sistema de Medios Públicos, Tristán Bauer; el director de Canal Encuentro, Ignacio Hernaiz; la titular de Abuelas de Plaza de Mayo, Estela Carlotto, el senador Daniel Filmus, como también artistas, entre ellos Teresa Parodi y Leonardo Sbaraglia.

Tras dar inicio a la señal, con la presencia de gran cantidad de chicos y maestros que asistieron al comienzo de la transmisión, la Presidenta expresó que el acto la llenaba de un “inmenso orgullo”, señalando que Paka Paka nace en el marco “de lo que pensamos debe ser la cultura, la educación, la televisión pública”, cuyo formato es “absolutamente nacional, hecho por argentinos, para argentinos”.

Paka Paka, expresó Cristina Fernández “representa nuestros valores, nuestra identidad nacional” y agregó que la señal es producto de la nueva ley de Servicios de Comunicación Audiovisual que, según recordó, “exige a todos, a todos, que una parte importante de la programación esté dedicada a programas para niños, con niños como protagonistas”.

También elogió otra señal del Ministerio de Educación, el Canal Encuentro, que es “ampliamente reconocido” y que ha logrado “penetrar en todos los hogares, en todos los estamentos sociales”, lo que da por tierra que la sociedad no demanda productos de calidad. “No es cierto”, dijo la Presidenta y agregó que “la gente se empodera” de estas señales y terminan siendo “de todos y no del que lo hizo; es lo mejor que le puede pasar a un creador, que termine siendo de todos”.

También destacó la labor de Tristán Bauer, expresando que “es un orgullo para nosotros que forme parte del gobierno y para todos los argentinos, por los productos de calidad que ha sabido crear y seguirá creando”.

Anunció, además, que luego de Paka Paka, la próxima señal será del Ministerio de Ciencia y Tecnología, que “no será aburrido” y acotó que "si nos hubieran enseñado la ciencia de esta manera hubiera tenido más cultores”.

Luego del acto, en declaraciones a los periodistas, la Presidenta destacó –refiriéndose a la nueva señal infantil- que “lo que se hace con calidad la gente lo toma” y ratificó que Paka Paka es parte de lo establecido por la Ley de Medios. Recordó, además, que cuando se discutió la ley, “una de las exigencias de la coalición democrática es que hubiera educación para los chicos” a través de un canal infantil.

Recordó que la ley establece “la obligación de dar contenido nacional y local a todos los argentinos, en todas partes; es uno de los ejes de la ley de Medios” y agregó que es bueno que la televisión pública “comience a dar cumplimiento a esta ley, con todo el formato de una televisión al servicio de la comunidad, de la educación”.

Destacó que el gobierno ha puesto su acento en la educación pública “con el presupuesto, con las netbook –que se entregan a los colegios secundarios- , la construcción de escuelas, quintuplicando el presupuesto de las universidades, con la Asignación Universal por Hijo, la ley de financiamiento educativo, que otorga el 6,47 del PBI, dedicado íntegramente a la educación como nunca en la historia”.

Por otra parte la presidenta confirmó que mañana viajará a Chile y el miércoles a Nueva York, para asistir el jueves próximo a la inauguración de la asamblea general de las Naciones Unidas, donde hablará y mantendrá una reunión con el presidente de la ONU, Ban Ki-moon

Fecha de Publicación: 17 de septiembre de 2010

terça-feira, 7 de setembro de 2010

(Argetina - Medios de Comunicación) - La contaminación informativa

Premio Nobel de la Paz de 1980 analisa los medios de comunicación en Argentina y hace sugerencias
Adolfo Pérez Esquivel

Fuente: ALAI AMLATINA

 La vida de los pueblos está sometida a los impactos ambientales, a la contaminación auditiva y visual de la palabra y las ideas, es imponer el monocultivo de las mentes. Los avances tecnológicos se utilizan muchas veces, para el control de los medios de comunicación y así condicionar y manipular a los pueblos. Ningún medio informativo es aséptico, pero deben basarse en la ética y valores al servicio de los pueblos y no servirse de los mismos.

Una de las grandes conquistas de las luchas sociales fue la libertad de prensa, el derecho de informar y ser informado, pero los grandes monopolios económicos, ideológicos y políticos que controlan los medios de información han matado la libertad de prensa y quieren confundirla y reducirla a la libertad de empresa y no son sinónimos.

La contaminación de la palabra y la propaganda mediática han llegado a tal extremo que no permite ver con claridad donde está la veracidad informativa. La ética y búsqueda de la verdad están ausentes y prevalece la distorsión de la realidad. La CNN es el ejemplo de esa contaminación que sufren los pueblos. Su accionar en Irak es y fue para justificar la guerra, y difundir que ese país poseía armas de destrucción masiva. Algo semejante están armando actualmente contra Irán y otros países; y por otra parte ocultan las masacres y asesinatos de niños y población en Irak y Afganistán, donde los que dicen defender la “democracia”, se dedican al saqueo del patrimonio del pueblo iraquí, e implantan centros de torturas llevando a esa región destrucción y muerte. Se los acusa de “terrorismo islámico”, cuando los verdaderos terroristas son los torturadores y asesinos que invadieron esos países, violando los derechos humanos y derechos de los pueblos y todas las convenciones internacionales.

Los grandes monopolios informativos de Europa, EEUU y América Latina están en una fuerte campaña internacional para atacar y desprestigiar a gobiernos como el de Hugo Chávez, en Venezuela, acusándolo de tirano y de todos los males; ignorando en sus olvidos intencionados, que Chávez es de los pocos presidentes que se presenta a elecciones y el pueblo lo re-elige, por sus políticas sociales y trabajo en bien de los sectores más postergados.

Otro blanco mediático de esa campaña de desprestigio es el presidente Evo Morales, de Bolivia, quien debe soportar la campaña y acción de los medios concentrados de comunicación, contra un gobierno que ha buscado la integración y vida de los pueblos en un país pluricultural y nacional y ha tocado a los intereses económicos y políticos que siempre dominaron en Bolivia.

Las campañas mediáticas de los grandes monopolios informativos están dirigidas a la contaminación mental que debilite a los gobiernos progresistas. A través del tiempo vemos que lo mismo ocurre con Fidel Castro y el gobierno cubano; 50 años de resistencia y asombro en el mundo sobre los avances y capacidad de su pueblo, sus programas de salud, educación y lucha contra el analfabetismo y la pobreza.

Lo evidente es que Cuba es un pueblo solidario con otros pueblos más necesitados y los hechos hablan por si mismos. Desde hace mucho tiempo, antes del terremoto que asoló a Haití, Cuba envió médicos, educadores, técnicos para apoyar y trabajar solidariamente junto al pueblo haitiano, víctima de la pobreza, marginalidad, violencia social y estructural y de los desastres naturales.

Estados Unidos, como respuesta a las necesidades del pueblo haitiano, envió 20 mil soldados para controlar y someter al pueblo. Pero de esto no se habla, la intencionalidad de las campañas periodísticas es estar al servicio de los intereses económicos y políticos de los poderosos para someter a los pueblos.

Muchas acciones solidarias y hechos positivos son ocultados por los medios informativos. La presidenta Cristina Fernández Kirchner en su viaje a Europa, señaló, la crisis vivida por esos países y sugirió no aceptar la receta del FMI y del BM, advirtiéndoles las graves consecuencias sobre la vida del pueblo argentino y la crisis financiera.

La soberbia de los grandes medios de comunicación europeos se refirieron en forma despectiva y hablan de “esa señora que nos quiere enseñar que debemos hacer”. Sería bueno y saludable que presten atención a los consejos de la presidenta quien solidariamente les ha tendido la mano.

He hecho público y sostengo que la Ley de Medios Audiovisuales sancionada por el Parlamento es necesaria, ya que permite romper el control de los monopolios informativos y generar el pluralismo periodístico, y recuperar la libertad de prensa. La reacción de las corporaciones, como el Grupo Clarín, han desatado una campaña virulenta contra el gobierno acompañada por la voracidad de una oposición sin ideas, que busca únicamente golpear al gobierno y que tienen todos los medios a su disposición, como la pitonisa que anuncia toda clase de catástrofes, sin diferenciar los aportes y avances del gobierno, y señalando solamente sus errores y magnificados. Es preocupante para la vigencia democrática del país.

Con el tema Papel Prensa, empresa monopólica, se hace necesario investigar el accionar de la dictadura militar y a quienes han favorecido. La familia Graiver fue sometida a secuestros, torturas, cárcel y muerte, y le fueron apropiados sus bienes. El gobierno argentino ha iniciado una investigación para determinar responsabilidades. Maniobras similares a Papel Prensa, utilizó la dictadura militar para apropiarse de las empresas y recursos de los hermanos Iaccarino, víctimas de la violencia y la impunidad de esos años.

Al mismo tiempo, el gobierno, y lo he señalado en reiteradas oportunidades, no sabe y no quiere dialogar; es un gobierno de confrontación y agudización de los conflictos, se mueve con mucha soberbia y poco sentido político para resolver los problemas del país, a eso se suma las políticas provinciales de los señores feudales, que hacen lo que quieren y no lo que deben, y están llevando a las provincias a su desintegración, social, cultural, política y económica. Una cosa es el federalismo que comparte la integración y un proyecto de país y otra el feudalismo que lleva la desintegración nacional.

La política neoliberal que impulsa el gobierno no se ha modificado desde el menemismo que tanto daño hizo al país. Por el contrario se ha profundizado porque una cosa son los discursos progresistas y otra la realidad. El problema político y económico del gobierno y la Sociedad Rural Argentina, no son muy diferentes, simplemente la disputa está en quien se queda con la parte mayor de la torta. Basta tener presente que el gobierno no hace nada para frenar los daños ambientales y los agro-tóxicos, ni la explotación de la megaminería con su desastres y daños para la salud de las poblaciones y sus economías regionales y familiares.

Por otra parte debemos tener presente que el gobierno, en sus contradicciones, ha avanzado en diversos campos sociales. Sería importante para el país que las fuerzas progresistas, opositoras al gobierno presenten alternativas al modelo imperante, en lugar de desgañitarse con críticas que no van a ningún lado.

Los desafíos son enormes y se necesita reprensar el país, generar un nuevo contrato social que permita avanzar en la construcción democrática y la vigencia de los derechos humanos en su integridad.

La libertad de prensa permitirá mayor conciencia crítica y el fortalecimiento de valores éticos, sociales, culturales y políticos. Superará la contaminación informativa y así poder repensar el país que queremos.

Fecha de Publicción: 1º de septiembre del 2010

(Chile-Condições de Trabalho) - Famílias processam donos da mina e o governo por acidente em mina no Chile

Empresa responsável pela exploração da mina de San Jose é responsável por outros acidentes que deixou mortos e feridos

Fonte: Conselho de Redação, com informações do wsws.org

As famílias dos 33 mineiros presos desde 05.08 na mina de San José, no Chile, processarão a empresa San Esteban e o Serviço Nacional de Geologia e Mineração (Sernageomin) – órgão governamental responsável pela fiscalização da segurança local. Segundo eles, os donos da empresa não investiram em condições seguras de trabalho aos mineiros e contaram com a omissão do órgão de fiscalização do governo.

O sindicato dos trabalhadores da mina também tem cobrado que o Estado assuma os salários dos mineiros, bem como garanta seus empregos após a saída do local, já que a empresa deverá pedir falência em breve e afirma não poder pagar salários e direitos trabalhistas dos trabalhadores.

Histórico de acidentes

A mineradora, especializada em extração de cobre e ouro, é conhecida por sua imprudência. A mina de San José tem registro de 80 acidentes desde o início de suas atividades. De acordo a agência GlobalPost, um trabalhador morreu e 182 ficaram feridos – 56 deles em estado grave – em razão do trabalho inseguroem 2006. Em 2007, a mina chegou a ser fechada após a morte de um geólogo, mas os proprietários conseguiram reverter o fechamento após pagarem uma indenização à família do trabalhador e se comprometerem com a construção de uma escada de evacuação. A escada serviria para levar os operários à superfície em casos de acidentes com soterramento.

Na ocasião do acidente deste ano, os operários se deram conta da imprudência da empresa. Quando a explosão bloqueou o principal acesso da mina à superfície, os 33 mineiros tentaram chegar até o topo por meio do poço de ventilação, mas tiveram que retornar ao descobrirem que apenas um terço da escada de evacuação havia sido construída. Sem saída de emergência e presos a quase 700 metros de profundidade, os trabalhadores serão obrigados a suportar as duras condições de falta de ventilação, altas temperaturas (média de 40º) e insalubridade do local, até dezembro, data prevista para a conclusão do resgate.

Trabalhadores denunciam insegurança constante

Muitos mineradores tem ido até o acampamento organizado pelas famílias em torno da mina para prestar solidariedade aos companheiros e relatarem queixas contra a empresa. Um dos trabalhadores que escapou ao desmoronamento, José Rojo, disse, em entrevista ao jornal argentino Página 12, que os empresários sabiam que aconteceria o acidente. “Houve vezes que eu estava lá com a broca e tive que parar porque o telhado estava caindo sobre mim", relatou.

Já o trabalhador Philippe Sanchez, que trabalhou na mina de 1987 a 1999 e tem um sobrinho preso no local, declarou, em entrevista ao jornal Times, que a mina é uma das piores para se trabalhar na região. “Sempre foi perigoso. Há acidentes o tempo todo e quando você está machucado, é melhor não reclamar, ou será despedido. Há uma cultura do silêncio".

Depois de várias denúncias dos mineiros no último ano, o Serviço Nacional de Geologia e Mineração (Sernageomin) ameaçou fechar a mina novamente, mas "na época, o gerente e proprietário Alejandro Bohn ameaçou Anton Hraste [então diretor do Sernageomin] de afastá-lo do cargo se ele mantivesse a decisão de fechar a mina", afirmou oex-vice-parlamentar para a área e especialista em mineração, Antonio Leal.

A Sernageomin tem apenas 16 inspetores de segurança para mais de 4.500 minas no Chile. Para o Deserto do Atacama, região onde está localizada a mina de San José, são apenas três inspetores responsáveis por fiscalizar 884 médias e pequenas jazidas. Para empresas que lucram fortunas com a mineração, sai mais barato pagar multas de inspeção do que prover condições seguras de trabalho.

As famílias irão processar a San Esteban por lesão e podem recebem indenizações oriundas do patrimônio pessoal dos empresários, caso a mina de San José decrete falência após o acidente. Já o Sernageomin será processado por prevaricação, por ter divulgado, em 2008, “uma resolução injusta que significou a reabertura da mina", segundo afirmou à imprensa o advogado das famílias, Remberto Valdés.

O Chile é o maior produtor mundial de cobre, minério responsável por 40% das exportações do país. Os trabalhadores são atraídos para a insegurança das minas em razão dos salários, um pouco maiores que a média nacional.
 
Data de Publicação: 05/09/2010

(Cuba-ELAM) - Ex-menina de rua de SP estuda Medicina em Cuba

Gisele Antunes Rodrigue, 23 anos, conta a sua história nas ruas de São Paulo e como foi selecionada para cursar a Escola Latino-Americana de Mediciona, em Cuba e o que acha sobre a ilha caribenha
Fonte: Blog de Ricardo Kotscho

Graças a alguns “papa-hóstias”, como costumo chamar meus amigos da igreja, fiquei sabendo da história dela durante um agradável almoço na Feijoada da Lana, na Vila Madalena, a melhor da cidade. Repórter vive disso: tem que andar por aí, conversar com todo mundo para descobrir as novidades, ficar sabendo de personagens cuja vida vale a pena ser contada.

É este o caso da jovem Gisele Antunes Rodrigues, de 23 anos, ex-menina de rua de São Paulo, nascida em Ribeirão Pires, que deu a volta por cima e hoje está no terceiro ano de Medicina. Detalhe: ela estuda no Instituto Superior de Ciências Médicas de La Habana, em Cuba, onde estão matriculados outros 275 brasileiros.

Gisele veio passar as férias no Brasil e, na próxima semana, volta a Cuba. Como ela foi parar lá? Ninguém melhor do que a própria Gisele, que escreve muito bem, para nos contar como é a vida lá e como foi esta sua incrível travessia das ruas de São Paulo até cursar uma faculdade de Medicina em outro país.

A meu pedido, Gisele enviou seu depoimento nesta sexta-feira e eu pedi autorização para poder reproduzí-lo aqui no Balaio. Tenho certeza de que esta comovente história com final feliz pode servir de estímulo e inspiração a outros jovens que vivem em dificuldades.

Para: Ricardo Kotscho

Olá!!!

Autorizo o senhor a publicar essa história. Caso deseje, pode corrigir os erros. Mas, por favor, sem sensacionalismo. Tente seguir mais o menos o texto abaixo. Desculpa por escrever isso, mas eu já tive problemas.

Gosto do seu blog, vou tentar acessar nele em Cuba.

Abraços

Gisele Antunes

***

Só mais uma brasileira

Saí de casa com 9 anos de idade porque minha mãe espancava eu e meu irmão. Não tínhamos comida, o básico para sobreviver. Meu pai nunca foi presente. É um alcoólatra que só vi duas vezes na vida. Minha mãe é uma mulher honesta, mas que não conseguia educar seus filhos. Já foi constatado que ela tem problemas mentais.

Ela trabalhava como cigana na Praça da República. Quando eu fugi de casa segui esse caminho, e encontrei uma grande quantidade de meninos e meninas de rua. Apresentei-me a um deles, este me ensinou como chegar em um albergue para jovens, e a partir desse momento passei a ser menina de rua. Só comparecia nessa instituição para comer, tomar banho e ter um pouco de infância (brincar). No meu quinto dia na rua, comecei a cheirar cola e depois maconha.

Alguns educadores preocupados com a minha situação tentavam me orientar, mas de nada valia. Foi quando me apresentaram a uma religiosa, a irmã Ana Maria, que me encaminhou para um abrigo, o Sol e Vida. Passei uns três anos lá e deixei de usar dogras. Esta instituição não era financiada pelo governo. Quando foi fechada, me encaminharam a outros abrigos da prefeitura, entre eles o Instituto Dom Bosco, do Bom Retiro. E assim foi, até os 17 anos.

Para alguém que usa droga, não era fácil seguir regras. Foi por muita persistência e um ótimo trabalho de vários educadores que eu consegui deixar a drogas, sair da desnutrição e recuperar a saúde após anemia grave.

Na infância, era rebelde, não queria aceitar a minha situação. Apenas queria ter uma família. Mas havia algo que eu valorizava _ a escola e os cursos que eu fazia na adolescência. Aos 14 anos de idade, comecei a jogar futebol, tive a minha primeira remuneração. Aos 16 anos, entrei em uma empresa, a Ericsson, que capacitava jovens dos abrigos para o mercado de trabalho. Essa empresa financiou meu curso de auxiliar de enfermagem e o inicio do técnico. O último não foi possível concluir.

Explico: existe uma lei nas instituições públicas segunda a qual o jovem a partir dos 17 anos e 11 meses não é mais sustentado pelo governo, tem que se manter sozinho. Como eu não tinha contato com a minha família, quando se aproximou a data de completar essa idade, entrei em desespero.

A sorte foi que a entidade, o Instituto Dom Bosco Bom Retiro, criou um projeto denominado Aquece Horizonte. Este projeto é uma república para jovens que, ao sair do abrigo, podem ficar lá até os 21 anos. Os coordenadores e patrocinadores acompanham o desenvolvimento do jovem neste período de amadurecimento.

As regras mais básicas da república são: trabalhar, estudar e querer vencer na vida. No segundo ano de república, eu desejava entrar na universidade, mas sabia que não tinha condições de pagar a faculdade de enfermagem ou conseguir passar na universidade pública.

Optei então por fazer a faculdade de pedagogia. É uma área que me encanta, e a única que podia pagar. No primeiro semestre da faculdade de pedagogia, um educador do abrigo, o Ivandro, me chamou pra uma conversa e me informou sobre um processo seletivo para estudar medicina em Cuba. Fiquei contente e aceitei participar da seleção.

Passei pelo processo seletivo no consulado cubano e estou desde 2007 em Cuba. Dou inicio ao terceiro ano de medicina no dia 06 de setembro de 2010. São 7 anos no país, sendo 6 de medicina e um de pré-médico.

Ir a Cuba foi minha maior conquista. Além de aprender sobre a medicina, aprendo sobre a vida, a importância dos valores. Antes de ir, sempre lia reportagens negativas sobre o país, mas quando cheguei lá, não foi isso que vi. Em Cuba, todos têm direito a educação, saúde, cultura, lazer e o básico pra sobreviver.

Li em muitas revistas que o Fidel Castro é um ditador, e descobri em Cuba, que ele é amado e idolatrado pelos cubanos. Escrevem que Cuba é o país da miséria. Mas de que tipo de miséria eles falam? Interpreto como miséria o que passei na infância. Em casa, não tinha água encanada, luz, comida.

Recordo que tinha dias em que eu, meu irmão e minha mãe não conseguíamos nos levantar da cama devido a fraqueza por falta de alimento. Tomávamos água doce pra esquecer a fome. Então, quando abro uma revista publicada no Brasil e nela está escrito que Cuba é um país miserável, eu me pergunto: se em Cuba, onde todos têm os direitos a saúde, educação, moradia, lazer e alimento, como podemos denominar o Brasil?

Temos um país com riqueza imensa, que conquistou o 8º lugar no ranking dos países mais ricos, mas sua riqueza se concentra nas mãos de poucos, com uns 60 % da população vivendo em uma miséria verdadeira, pior que a miséria da minha infância.

Cuba sofre um embargo econômico imposto pelos estados Unidos por ser um país socialista e é criticado por outros governos. No entanto, consegue dar bolsa para mais de 15 mil estrangeiros de vários países, se destaca na área da saúde (gratuita), educação (colegial, médio, técnico e superior gratuito para todos) e esporte (2º lugar no quadro de medalhas, na historia dos Jogos Panamericanos), é livre de analfabetismo.

A cada mil nascidos vivos morrem menos de 4. Vivenciando tudo isso, eu queria também que o Brasil fosse miserável como Cuba, como é escrito em varias revistas. Acho que o brasileiro estaria melhor e não seria tão comum encontrar tantos jovens sem educação, matando, roubando e se drogando nas ruas.

Vou passar mais quatro anos em Cuba e não quero deixar o curso por nada. Desejo concluir a faculdade e ajudar esse povo carente que sonha com melhoras na área da saúde, quero ajudar outros jovens a realizar os seus sonhos , como me ajudaram. Também pretendo apoiar meu irmão, que deseja estudar direito.

Tenho meu irmão como exemplo de superação. Saiu de casa com 13 anos de idade, mas não foi para uma instituição governamental. Morou em um cômodo que seu patrão lhe ofereceu. Enquanto eu estudava e fazia cursos, ele estava trabalhando para ter o pão de cada dia. Hoje, ele é um homem com 25 anos de idade, casado e tem uma filha linda, e mesmo assim encontra tempo pra me apoiar e me dar conselhos.

Foi muito bom visitar o Brasil. Depois de longos 13 anos tive um tipo de comunicação com a minha mãe. Isso pra mim é uma vitoria. Quero estar próxima dela quando voltar.

Conto um pouco da minha história, mas sei que muitos brasileiros ultrapassaram barreiras piores, até realizarem seus sonhos. Peço ao povo brasileiro que continue lutando. É período de eleições, peço também que todos votem com consciência, escolha a pessoa adequada pra administrar o nosso país tão injusto.

Gisele Antunes Rodrigues

Ser culto é o único modo de ser livre (José Martí)

*Matéria originalmente publicada no Balaio do Kotscho

Data de Publicação:: 03/09/2010

(Argentina - Meio de Comunicação) Jornalista acusa CIA por morte de empresario argentino

Para Juan Gasparini, autor de livro sobre sobre o início do caso Papel Prensa lança terceira edição de livro sob rfe o empresário David Graiver

Fuente: Opera Mundi

Em 1990, o jornalista argentino Juan Gasparini lançou um livro sobre um dos temas mais controvertidos da história recente da Argentina: a morte do empresário David Graiver, em um acidente de avião com causas nunca esclarecidas e a venda da Papel Prensa, principal empresa responsável pela fabricação e distribuição de papel-jornal para os jornais argentinos, aos grupos Clarín e La Nación, maiores conglomerados de mídia do país. Vinte anos depois, uma acusação feita pelo governo de Cristina Kirchner faz o assunto se tornar o centro da discussão política na Argentina.

Após mais de dois anos de pesquisa, Juan Gasparini escreveu El Crimen de Graiver, reeditado em 2007 sob o título David Graiver: El Banquero de los Montoneros e que agora chega à terceira edição. A nova versão acrescenta um prólogo e um epílogo que atualizam os acontecimentos e começou a chegar às livrarias da Argentina na última sexta-feira (

Em entrevista ao Opera Mundi, Gasparini fala sobre sua hipótese sobre a morte do banqueiro, sobre a obscura venda das ações da Papel Prensa e sobre o investimento de 17 millhões de dólares que teriam sido doados a Graiver pela guerrilha dos Montoneros, um dos braços armados do peronismo.

A primeira edição do livro foi lançada em 1990, sete anos após o fim do regime militar. Foi difícil encontrar o material para fazer a pesquisa para o livro? Como foi essa busca?

Para fazer uma investigação jornalística, é necessário juntar uma série de circunstâncias e condições. Eu tinha provas materiais e documentos, que já tinha usado na minha tese de doutorado em Genebra sobre a derrota da guerrilha peronista, que deu origem ao meu livro anterior sobre este assunto, Montoneros: final de cuentas, publicado em 1988. Tive também a sorte de conseguir uma parte importante dos autos do processo contra os Graiver que já existia na Justiça civil, após o fim da ditadura militar, em 1983. Pude examinar muita informação em Genebra com Alberto Naón, alto funcionário do grupo Graiver, que morava aqui, onde eu também moro. Consegui bastante material publicado na imprensa dos Estados Unidos e tive a sorte de conhecer um piloto do mesmo tipo de avião em que David Graiver morreu. Analisei as causas do acidente, que me levaram à conclusão de que foi um atentado.

Qual é sua hipótese sobre a morte de Graiver?

O que eu investiguei e defendo no meu livro, sem que ninguém tenha desmentido, é que foi um atentado executado pela CIA. Para mim, é evidente que as políticas dos EUA e da CIA, em particular, estavam totalmente entrelaçadas com as ditaduras. O próprio Senado norte-americano já pediu desculpas por essas intervenções.

Qual era a relação entre Graiver e os Montoneros?

Meu livro explora a hipótese de um investimento de cerca de 17 milhões de dólares dos Montoneros no grupo Graiver. Tratou-se, a meu ver, de uma operação combinada entre os chefes da organização e o próprio David Graiver, operação consentida pela então mulher dele, Lidia Papaleo, e conhecida pelo irmão do banqueiro, Isidoro Graiver, como eu explico no livro.

A relação entre Graiver e os Montoneros pode ser ou é usada pela oposição ou por simpatizantes do regime militar para legitimar a venda da Papel Prensa?

Eu poderia concluir que a operação para aniquilar o grupo Graiver a cargo das forças armadas seguiu um plano de três fases sucessivas e interdependentes. A primeira foi decapitar o grupo, uma multinacional avaliada em 200 milhões de dólares com tentáculos na Argentina, na Bélgica e nos EUA, abatendo seu chefe, David Graiver, num assassinato reconhecido pelo jornal Clarín de 2 de junho de 2010.

A segunda etapa foi executada respeitando as aparências da legalidade, com a assinatura de sua viúva e sua herdeira em liberdade – ainda que, sem dúvida, sob o controle e a pressão do regime militar. A transação deveria parecer limpa, neutralizando eventuais críticas. Tinha de observar as formas de uma transação comum, responsável, para que o projeto monopolizador do "insumo vital" destinado a abastecer jornais e revistas em escala nacional, a “joia da coroa” dos Graiver, mudasse de mãos sem despertar medos nem suspeitas.

A terceira etapa foi a expropriação forçada do muito que restava para os Graiver, para quem parecia dispensável acatar as regras republicanas. Esse saque foi feito com os espoliados já na prisão. E começou um mês depois de quando estiveram presos clandestinamente, passando de imediato a serem condenados a grandes penas de prisão pela Justiça Militar.

Teriam chegado a cometer um assassinato por causa da Papel Prensa?

Essa é também parte da minha hipótese de trabalho. Graiver foi assassinado por ter recebido um investimento de 17 milhões de dólares da guerrilha peronista, dinheiro que ajudou o banqueiro a se instalar no centro mundial das finanças capitalistas em Nova York, comprando dois bancos.

Mas, após sua investigação, é possível concluir que a organização deu algum dinheiro para a empresa?

Isso é a Justiça é que deveria dizer, se avaliasse que há motivo para investigar, mas hoje não é esse o caso na Argentina. Os Montoneros entregaram para Graiver o dinheiro de dois sequestros de empresários, Juan e Jorge Born e Henrich Metz, em setembro e outubro de 1975. Seria preciso averiguar se, entre essas datas e a morte de Graiver, em agosto de 1976, o banqueiro injetou capital na Papel Prensa. Judicialmente, os processos contra os Montoneros foram extintos e nunca se soube a eventual porcentagem de dinheiro da guerrilha na empresa.

Qual foi o impacto do livro quando ele foi lançado pela primeira vez na Argentina? Foi polêmico?

O livro nunca teve muito impacto, nem em 1900, nem em sua reedição em 2007. Vamos a ver agora a terceira edição que vai sair nos próximos dias. Nunca ninguém se queixou do livro, nem houve polêmicas importantes. Agora, sim, há um certo escândalo e me atacam cotidianamente, mas estou feliz por estar na luta, de pé e pela verdade histórica.

Recentemente, em uma entrevista ao jornal Tiempo Argentino, a viúva de Graiver disse que recebeu ligações dos Montoneros. A que ligação ela estava se referindo? Era uma ameaça de morte?

Na declaração de Lidia Papaleo ao governo para ser incorporada ao dossiê apresentado pela presidente Cristina Kirchner, em 24 de agosto de 2010, não existe nenhuma alusão a suspostas ameaças que teriam sido feitas pelos Montoneros à viúva de Graiver. Na entrevista de Lidia Papaleo ao Tiempo Argentino, ela disse: “Também houve um telefonema dos Montoneros”. Estava se referindo a uma ligação que teriam feito a ela no México, pouco depois do assassinato do marido, em 7 de agosto de 1976. A ligação foi feita no dia 9 de agosto de 1976 e os Montoneros a fizeram para dar pêsames, não para ameaçá-la.

Como o senhor avalia essas medidas do governo de Cristina, que têm tido como objetivo acabar com o oligopólio da mídia na Argentina?

Eu moro desde 1980 em Genebra, na Suíça, e só fui à Argentina apenas para viajar. Parece que a nova lei de mídia pelo atual governo é saudável, antimonopólios, favorece a pluralidade e uma melhor administração e acesso da população à informação.

Fecha de Publicación: 6 de setembro de 2010

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

( EEUU - Política) - Avanza el neonazismo en EEUU

La ofensiva neonazi tiene por objetivo matar el Presidente Barack Obama y los defensores deste ideario hediondo hacen comentarios en Fox News

Frida Modak*

Fuente: ALAI AMLATINA

La campaña desatada en Estados Unidos contra el presidente Barack Obama dista mucho de ser parte de una contienda electoral. Es el reflejo del avance del neonazismo, que siempre ha estado latente y que en el país del norte adquirió nuevos bríos a partir del año 2000, coincidentemente el año en que George W.Bush llegó a la Casa Blanca.

La derrota de Alemania en la segunda guerra mundial y la desaparición física de Hitler no significaron la desaparición del nazismo, sino que conllevaron a su expansión a través de los funcionarios de distintos niveles de ese régimen que encontraron acogida en diversos países.

Figuras destacadas lograron pasaportes con nuevas identidades, extendidos por respetables instituciones y gobiernos. Así, aquellos conocidos por sus investigaciones científicas o sus avances en materia de armamentos, encontraron cabida en los países más desarrollados de Occidente y en la Unión Soviética. Otros, que eran perseguidos como criminales de guerra usaron como escondite a los países
menos desarrollados, comprando protección a alto nivel.

A ellos se sumaron grupos que llegaron como colonos y reprodujeron su modelo de organización en los lugares en que se instalaron. Fueron eficientes colaboradores de las dictaduras en América Latina y contaron con el respaldo de figuras políticas nacionales y grupos afines al nazismo.

En Estados Unidos el racismo surgió junto con la colonización de su territorio. No sólo los nativos indígenas fueron sus víctimas, también los negros, comprados o secuestrados en África y llevados en calidad de esclavos. El grupo más representativo de lo que hoy equivale a neonazismo es el Ku Kux Klan.

Obama y la supremacía blanca

Trasladados estos antecedentes a la actualidad, nos encontramos con un presidente como Barack Obama, sitiado por una oposición que asume las mismas características del neonazismo. Con Bush se sentían representados, combatían a los musulmanes que habían sido declarados los nuevos enemigos y que se sumaban a los viejos enemigos: los negros, los latinos, los judíos, los socialistas y los homosexuales.

El movimiento neonazi del país del norte deriva del Partido Nazi creado en los años veinte del siglo pasado, que se mezcló con la Free Society of Teutonia y formaron el German-American Bund, que alcanzó notoriedad en los años 30 del siglo veinte y cuando Hitler y Mussolini estaban en  la cúspide del poder. La derrota de Alemania los descolocó y reaparecieron en 1959 como Partido Nazi de Norteamérica, dirigidos por Lincoln Rockwell.

En la actualidad hay varios grupos, el más importante el Aryan Nations,al que el FBI considera una amenaza terrorista y la Corporación Rand lo califica de “la primera organización verdaderamente terrorista”.

Pero fue la Alianza para la Supremacía Blanca, la que le declaró la guerra a Barack Obama desde que ganó la nominación a la presidencia de la república.

En ese período dos de sus miembros fueron detenidos cuando planeaban matar a 102 afroamericanos, de los cuales decapitarían a 14.Pero su objetivo principal era matar a Obama y, para hacerlo, tenían planeado vestirse de smoking blanco y usar sombreros de copa. No les importaba morir en ese empeño, pero fueron detenidos a tiempo.

Sara Palin, Fox News y el Tea Party

La ofensiva actual contra el presidente estadounidense tiene como figura principal a la ex candidata republicana a la vicepresidencia Sara Palin,  el financiamiento corre por cuenta de la cadena televisiva Fox News.

Esta empresa había contratado a Palin como “comentarista” política con un sueldo exorbitante.

Otro comentarista estrella de ese canal televisivo es Glenn Beck, que fue el maestro de ceremonias en el reciente mitin efectuado en el mismo lugar en que Martín Luther King pronunció su discurso “I have a Dream” en defensa de los derechos civiles de los negros. Este acto, en que se acusó a Obama de socialista y de ser un “musulmán que odia a los blancos”, es considerado un ultraje a la memora de Luther King y una provocación.

Hay otros grupos empresariales que contribuyen a estas movilizaciones y a la creación de entidades que se oponen a las políticas propuestas por Obama y que han logrado convencer al 25 por ciento de los
estadounidenses de que su presidente es musulmán y no cristiano. La Casa Blanca tuvo que hacer un desmentido al respecto.

Pero la campaña sigue, se trata de que la derecha y la ultra derecha estadounidenses ganen las próximas elecciones parlamentarias y alcancen la mayoría en la Cámara de Representantes con el fin de impedir que se aprueben leyes que afecten los intereses de las grandes corporaciones.

Todo esto va generando, a la vez, movilizaciones y leyes estatales contra las minorías étnicas y los migrantes.

Paralelamente en la radio y la televisión hay comentaristas que agreden tanto a la población negra como a los latinoamericanos y ahora a los musulmanes nacidos en ese país. Esta hostilización a los musulmanes ha originado episodios como el del médico que era objeto de discriminación  y burla lo que lo llevó a protagonizar un tiroteo en la base militar en  la que prestaba sus servicios.

Pero de los alcances que está registrando la actitud contra musulmanes de nacionalidad estadounidense, la única preocupación expresada por alguna entidad de gobierno es la manifestada por la Agencia Central de Inteligencia, CIA, que teme que los acusen de exportar terroristas, porque ante esta situación hay musulmanes estadounidenses que se han sumado a los de otros lugares en contra de su país natal.

El correlato europeo

Pero no es sólo en Estados Unidos donde crece el racismo, que a su vez engrosa las filas del neonazismo. También en Europa se están fortaleciendo los grupos de ese signo, mientras los gobiernos aplican políticas xenófobas que afectan a las minorías étnicas y religiosas.

Francia e Italia van a la vanguardia.

Tanto los gobiernos francés e italiano han endurecido su accionar contra los gitanos. Lo mismo hizo Hitler, que eliminó a miles. A este respecto hay un vacío en la propia Unión Europea que “reconoce” a los gitanos como ciudadanos, pero no les otorga derecho a circular por todo su territorio, tampoco les da derecho al trabajo

Para no ser menos, los ingleses anuncian que temen actos terroristas de los musulmanes y todo sucede justo cuando la prensa estadounidense advierte que se teme una nueva recesión y hay diez bancos que podrían quebrar en los próximos meses. Provocar el racismo para ocultar otros problemas hace crecer al neonazismo.

(*) Periodista, fue Secretaria de Prensa del Presidente Salvador Allende.

Fecha de Publicación: 06/09/2010