Justiça confirma existência de braço paramilitar instalado por setores corruptos da PM do PR
Em recente decisão relacionada à violência e impunidade no Estado do Paraná gestados durante o governo Jaime Lerner, a Justiça Federal reconheceu fatos há muito tempo denunciados pelo MST, da existência de um braço paramilitar, verdadeiro núcleo de repressão política instalado, ilegalmente, por setores corruptos da Polícia Militar, em conluio com ruralistas do estado.
A condenação a 18 anos de prisão de Copetti Neves, coronel expulso da Policia Militar,e outras condenações a 3 ex-militares e um empresário, significa um importante passo no combate à violência, impunidade e perseguição política contra o MST empreendida por setores ruralistas do Paraná que, apropriando-se do aparelho estatal responsável pela segurança pública, praticava crimes contra as famílias de trabalhadores rurais sem terra no estado.
Copetti Neves já esteve envolvido em várias denúncias em casos de violência contra trabalhadores rurais sem terra. Em maio de 1999, comandou uma escuta telefônica ilegal contra o MST, fato este que rendeu uma condenação ao Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos, em agosto de 2009.
Lembre-se que em 2005, durante a realização da CPMI da Terra, os movimentos sociais apresentaram estas denúncias da formação de milícias armadas no estado, e da participação de Neves em despejos ilegais, torturas contra trabalhadores, perseguições e tráfico de armas. Na época, no entanto, tais denúncias foram ignoradas pelo relatório paralelo apresentado pelo Deputado Abelardo Lupion (DEM/PR), aprovado pela CPMI, revelando o grau de influência e vinculação da milícia ruralista a políticos do Congresso Nacional.
Mas, mesmo sob forte pressão institucional e midiática, a luta política revelou e comprovou, finalmente, quem são os verdadeiros responsáveis pela violência e criminalidade no âmbito da questão agrária brasileira, além de chamar a atenção dos órgãos públicos, da justiça e da sociedade para o problema do aparelhamento da estrutura estatal por interesses particulares.
Portanto, é preciso reconhecer que ainda há muito que se esclarecer e apurar, no âmbito da justiça, sobre as demais ramificações desta milícia armada que atua em prol de interesses ruralistas no Estado do Paraná, em especial as suas manifestações políticas que aparelham as Casas Legislativas, da qual a nova CPI contra a reforma agrária em curso no Senado é prova recente.
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