Confrontos armados obrigam colombianos a deixar locais onde vivem e continuam em total insegurança
Deu no site da Agência de Refugiados da ONU (Acnur)
Gustavo Valdivieso
Cartaena (Colômbia) Eliécer Baron, de 53 anos, é o líder de 118 famílias em Villa Gloria, distrito do porto de Cartagena no Mar das Caraíbas. Ele e cerca de metade das famílias com quem vive agora, foram deslocados à força das suas residências no norte da Colômbia. Eliécer nunca sentiu segurança para regressar a casa. ‘Um dos meus amigos regressou há dois anos e foi morto pouco depois’ diz Eliécer. © UNHCR/ZalmaïCARTAGENA, Colombia, 7 de Dezembro (ACNUR) – As ondas azuis, a areia branca e a briza do mar atraem turistas às praias das Caraíbas, na Colômbia. Mas para o homem que aluga cadeiras aos turistas, não foi o idílio tropical que o atraiu aqui, mas antes a procura de alguma segurança.
A mãe de Eliecer Baron foi morta há 14 anos na região de Uraba, no norte da Colômbia, quando se opõs aos grupos armados que tentavam roubar-lhe gado. “A princípio mudei-me para outra região, Sucre, onde podia continuar a viver a minha vida de agricultor,” conta Eliecer. ”No entanto, dois anos mais tarde, a violência também chegou a Sucre. Foi então que decidi vir para Cartagena.”
Com uma família por semana a chegar das zonas da Colômbia atingidas pela violência, Eliecer e outros deslocados encontraram um trecho da praia de Cartagena, nos arredores da cidade, a que chamaram seu e onde se instalaram.
Como tantos outros deslocados forçados para longe da sua terra, o único lugar que encontraram foi um que mais ninguém queria; quando chegaram, não havia electricidade, nem outros serviços municipais porque as autoridades da cidade tinham declarado que o lugar estava sujeito a inundações, e a posse da terra estava em questão. Os desalojados, entre os quais Eliecer, tinham até que comprar água aos baldes.
Com o tempo mudanças foram ocorrendo e o governo local passou a fornecer água e electricidade. Eliecer e as 118 famílias formaram uma organização própria e habituaram-se a defender os seus direitos, graças ao treino sobre direitos dos desalojados, dado pelo ACNUR.
“Acontece muitas vezes termos de explicar às autoridades o que a lei impõe em relacão aos deslocados,” diz um dos membros da organização. A organização também educa famílias deslocadas que passam a beneficiar de programas estatais especiais.
A grande maioria dos membros do grupo são mulheres. “Eliecer é um cavalheiro” diz Ana, um dos membros da organização. “Ele sabe como lidar com as pessoas, é respeitoso, e acima de tudo sabe muito de organização, de leis e direitos.
Para além do trabalho de defesa dos deslocados, Eliecer luta, como muitos outros agricultores colombianos, para sustentar a família na cidade. O rendimento a alugar cadeiras de praia é modesto, e a mulher não tem podido trabalhar nos últimos quatro anos.
"Ela estava presente quando a minha mãe foi morta, e desde então, tem sempre a pressão muito alta,” diz Eliecer. “Afectou-a de tal maneira que passou a sofrer dos rins e agora precisa de fazer diálise de dois em dois dias.”
Correm rumores agora, que há construtores imobiliários interessados no terreno dantes indesejável a que Eliecer e os desalojados chamam de casa. Mas, depois de perder a casa duas vezes no seu próprio país, Eliecer está firme.
"Fomos desalojados antes," diz ele com determinação. "Agora ficamos aqui de pé firme. Temos direito a isso."
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