Filho de Goulart responde a Alexandre Garcia e lembra de CPI presidida pelo Deputado Ulysses Guimarães, em 1963, que revelou como a CIA financiou a eleição de parlamentares que colaboraram com a quebra consticucional em 1964
João Vicente Goulart, Diretor Presidente do Instituto Presidente João Goulart (www.institutojoaogoulart.org.br) e filho do presidente deposto responde a um comentário do jornalista Alexandre Garcia no jornal Diáro de Marília
Sr. Alexandre Garcia,
É lamentável que tão experiente jornalista,cometa erros propositais desta natureza ao referir-se ao Governo João Goulat e ao próprio Jango.
Quem afirma que tratam-se de erros, não sou eu na condição de filho de Jango, mas historiadores do porte de Moniz Bandeira, que escreveu o livro O Governo João Goulart ,que aliás recomendo que o senhor, como jornalista e brasileiro o leia o mais depressa possível.
O Governo João Goulart, lutou por uma sociedade mais igualitária e justa para todos nós brasileiros, era nacionalista e portanto desagradou sim os interesses norte-americanos e as elites da época, as mesmas que o senhor defende, admirando líderes como o Padre Payton, que conduziu esse povo que saiu as ruas em 1964.
Esse tipo de atitude só pode dar no seu artigo: sofismar para esconder fatos. Jango, se quisesse fechar o Congresso Nacional não teria mandado a menssagem de Estado de Sitio para prender o Lacerda, para depois, democraticamente retira-la quando parte das esquerdas, inclusive setores do velho PTB se posicionaram contra e iriam derrotá-la no plenario.
O senhor deve ter adorado o Castelo Branco não realizar eleições posteriores ao golpe, transformando o estado de direito brasileiro em 21 anos de ditadura.
Jango tinha pela revolução cubana o que todos nós nacionalistas simpatizamos, que é o não entreguismo às medidas de "cover-actions" que os americanos praticam no mundo, e que o senhor deve admirar muitíssimo.
O que mais uma vez o senhor não fala, é que são os americanos que pregam a democracia e liberdade como forma de governo e por debaixo dos panos rasgam a carta da OEA , sistematicamente, em todos os países que não se submetem as suas vontades imperialistas.
O dinheiro de Cuba não foi remetido no governo João Goulart , foi enviado para Brizola no exílio depois do golpe , para que patriotas , não como o senhor que se escondeu nas botas do autoritarismo, e sim para aqueles que emprenderam a luta armada e não se submeteram as vontades dos tiranos, pudessem lutar contra a ditadura que o senhor defendia na época.
A livre iniciativa que prega deve ser a defesa das empresas multinacionais que colocaram toda a imprensa da época contra Jango, em pleno governo democrático, através do IPEs e IBADES, para comprar parlamentares que depois vieram a declarar vaga a presidência da república.
È esse tipo de jornalismo que prefere noticiar a "Miss Globo",ainda na ditadura, uma égua do Roberto Marinho saltando em Portugal , do que colocar no ar temas que a Nação precisava debater, tais como o sub-desenvolvimento , a educação para todos , a melhor distribuição de renda e a falta de liberdade.
As elites que o senhor defende através de seus artigos, são as que preferem pulinhos hípicos, de uma égua de milhões de dólares ao debate democrático e aberto dos reais problemas que atingem a maioria do povo brasileiro.
O povo saiu às ruas sim, atrás do Padre Payton, financiado pela C.I.A., inclusive o senador Áureo Moura de Andrade , que dias depois declara vaga a Presidencia da República com o Presidente da Nação dentro do território nacional.Isso o senhor não faz referência, pois não tem compromisso com a verdade e sim com os interesses de quem lhe paga o salario, não com o Brasil e nem com a nossa história.
É bom o senhor ir sabendo, se é que não sabe, que houve uma CPI, em 1963 dos IPEs e IBADES, presidida por Ulisses Guimaraes onde constam todas as empresas e nomes dos parlamentares que traíram o Brasil,bancados pela CIA ,dinheiro americano para derrubar um Presidente constitucional e que detinha na época (dados do IBOPE) 68% de aprovação da população.
Jango não fugiu. Evitou sim, um derramamento de sangue entre irmãos brasileiros,evitou uma guerra civil.
Esperou a "posse" de Mazzili dentro do território nacional para configurar o golpe, e só depois, partiu para o seu exílio sem fim, tornando-se o único presidente a ser impedido de voltar a sua Pátria e morto pelas "forças" que o senhor defende .
Eis o artigo do jornalista Alexandre Garcia divulgado em 29/12/2009
Zelaya e Goulart
Zelaya continua dono da embaixada do Brasil em Honduras. Passou lá o Natal e passa o Ano-Novo. Você que me lê está pagando a hospedagem, a cada vez que compram algo com o preço carregado de impostos. O Brasil insiste em ficar na contramão, considerando Zelaya presidente de Honduras. Insiste em dizer que houve um golpe.
Um estranho golpe latino-americano, que não foi desferido pelas forças armadas, mas pelo Ministério Público, pelo Supremo, pelo Congresso e, por fim, pela própria população, que, no voto facultativo, compareceu às urnas para votar na eleição que Zelaya queria cancelar. 61,3% votaram. Quando Zelaya foi eleito, votaram 52%.
Ontem me caiu à ficha sobre que razões teriam levado o governo brasileiro a tão teimosa posição. E acho que as encontrei na História recente do Brasil. O presidente João Goulart, tal como Zelaya, estava influenciado por lideranças externas da esquerda revolucionária. Jango se deixava influenciar por Fidel Castro - que chegou a mandar milhões de dólares para a “revolução socialista” brasileira, inclusive para as mãos de Brizola, como ele próprio me confirmou. O mentor de Zelaya é o tenente-coronel paraquedista Hugo Chávez, que quer implantar a “revolução bolivariana” na América Latina.
Tal como Goulart, Zelaya promoveu movimentos populistas visando a permanecer no poder, a cancelar eleições e a fechar o Congresso. No Brasil, o povo saiu às ruas e os jornais publicaram editoriais de primeira página, exigindo um basta no governo Jango; exigindo um corte numa revolução socialista e populista que estava em marcha. Aqui, os militares deram o “coup-de-grâce”; em Honduras, o presidente golpista foi apeado do poder pelo Judiciário e pelo Legislativo. E a eleição presidencial foi mantida. No Brasil e em Honduras, assumiram os presidentes da Câmara Federal.
Lá, o presidente da Câmara entrega o poder ao presidente recém eleito. Aqui, o Congresso elegeu para um mandato-tampão o general Castello Branco (que acabou por cancelar a eleição presidencial do ano seguinte).
Lá como cá houve, na verdade, um contragolpe. Aqui, por uma ação militar que deixou o Congresso diante de um fato consumado: a vacância da presidência, com a fuga de Goulart para o exterior. Lá, por uma ação totalmente dentro da legalidade. Em que o governo brasileiro, até hoje, não reconhece a vacância do cargo.
Converte a embaixada em palácio presidencial de mentirinha, de conto de fadas, em que só os governos do Brasil e dos bolivarianos acreditam.
É aqui que está a explicação: as frustrações com a queda de Goulart se projetam, emergem do inconsciente do principal conselheiro de política externa de Lula, com o contragolpe também dado em Zelaya. É como se, inconscientemente, estivessem segurando Goulart numa embaixada de Brasília, para que não fugisse para o Uruguai e continuasse “presidente” protegido pelos muros da imunidade diplomática do território estrangeiro.
O doutor Freud diria que o que não puderam fazer com Goulart, fazem agora, mesmo desesperados, com Zelaya. Resta saber o que vai fazer o governo brasileiro depois do dia 27 de janeiro, quando termina o atual período de mandato presidencial hondurenho. Vai transferir o hóspede para o Copacabana Palace, por
nossa conta?
Alexandre Garcia
alexgar@terra.com.br
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