Fórum do Instituto Millenium reuniu exatamente os que ameaçam a liberdade de imprensa
Blog do Zé Dirceu
Após fugirem do debate proposto pela Confecom (1ª Conferência Nacional
de Comunicação) que reuniu setores da sociedade civil, governo e
representantes da imprensa em torno da elaboração de uma proposta
democrática sobre a comunicação no país, os barões da mídia voltam a
acenar com o fantasma da ameaça à liberdade de imprensa que haveria no
continente.
Agora, eles e seus jornalistas reuniram-se no chamado Fórum Democracia
e Liberdade de Expressão, organizado pelo Instituto Millenium para
discutir o que chamam de "liberdade de imprensa". A pauta era óbvia:
bradar e dar a máxima publicidade - o que lhes é fácil, por terem
todos os veículos nas mãos - à essa "ameaça" no Brasil com governos,
atual e futuro, do PT.
Para ajudar o coro dos barões da mídia, estiveram presentes
representantes e dirigentes de emissoras latinoamericanas. E o que se
ouviu foi a velha cantilena de comparar o nosso país com a realidade
de outros, bem a gosto da imprensa defensora da liberdade de ocasião.
Mídia isenta?
Seria cômico, não fosse trágico, o fato de, durante o evento, estarem
presentes exatamente os representantes da verdadeira ameaça à
liberdade de imprensa no nosso país: os responsáveis pelo monopólio da
comunicação, os que lutam dia e noite para que a informação - um
direito do povo brasileiro - permaneça nas mãos de poucos, sem nenhuma
responsabilidade ou respeito à Constituição, ao sabor de seus
interesses econômicos e políticos.
Um apanhado das discussões do Fórum nos jornais de todo o país hoje,
revela uma verdadeira piada. Todos sabemos que no Brasil existe
liberdade de imprensa e que ela não corre o menor risco neste ou no
próximo governo do PT. E mais: a imprensa brasileira é editorializada;
tem partido político, por suas práticas constitui-se ela própria numa
legenda partidária; cria factóides, heróis e vilões do dia para a
noite, sem o menor compromisso com a ética jornalística, a isenção, a
imparcialidade ou os direitos do cidadão, ainda que estes estejam
escritos na Constituição.
Como sempre repito aqui: o que está por trás desse discurso não é a
liberdade de imprensa. Se fosse, não teríamos assistido à vexatória -
e infrutífera - tentativa dos seus barões de esvaziar a Confecom. O
que está em jogo é a continuidade do monopólio da mídia, o medo de
qualquer tipo de regulamentação. O resto é conversa para vender jornal.
Publicado em 2 de março de 2010
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