Usina paga com vale piorando a situação os trabalahdores que ficam sem poder pagar gastos mensais e por isso várias famílias passam fome.
Fonte: Jornal Folha da Manhã.
Valquíria Azevedo e Priscila Tardin
Dias após a manifestação em frente à Usina Cupim, do grupo Othon, a situação continua a mesma para os trabalhadores demitidos no ano passado. Ou seja, continuam sem receber os salários dos últimos quatro meses em que trabalharam, além do 13º salário, aviso prévio e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Esse é o retrato de um setor em crise a longa data.
O relato dos trabalhadores do setor sucroalcooleiro é desanimador. Uma família de cortadores de cana contou que está à míngua, sem receber o que lhe é garantido por lei e desempregada. Rogério Cardoso, 37 anos, que trabalhava na Usina Cupim irrigando a lavoura e as irmãs Lídia Cardoso, 29 anos, mãe de três filhos, e Ivanete Cardoso Nascimento, 41 anos, que cortavam cana na Usina Santa Cruz na última safra, vivem em pequenos cômodos entre a linha de trem desativada e a BR 101, na altura de Ururaí. Lídia recebe R$ 66 do Bolsa Família e R$ 100 do Cheque Cidadão.
— E eu consigo um dinheiro em ‘bicos’ como faxineira. Eu e Lídia ajudamos o Rogério. Só quero voltar a trabalhar com o corte da cana — encerrou Ivanete otimista.
Na Usina Sapucaia a situação não é diferente. Em um acordo firmado entre a Usina e os trabalhadores da lavoura este ano ficou acertado que eles ficariam em casa com os dias abonados.. Quem continua trabalhando na Usina es-tá sem receber, de acordo com os consultores, há dois meses. Os trabalhadores, porém, falam em quatro meses. O consultor associado, Hélio Lazzari, disse que para amenizar a situação dos trabalhadores, a empresa recorreu ao uso dos vales.
— Nós não temos dinheiro para pagar os trabalhadores, então conseguimos um acordo com uma rede de supermercados. É uma forma que encontramos para não deixar os trabalhadores sem alimentação — disse Lazzari.
Para os trabalhadores, a situação não é confortável, conforme contou um vigia da empresa que não quis se identificar.
— Eu me sinto humilhado. É como se eu estivesse recebendo uma ajuda e não o que eu tenho direito. Não posso escolher onde comprar. Além disso, como faço para pagar as contas ou comprar gás? — perguntou indignado o trabalhador.
Outro ex-trabalhador da Sapucaia também conta o seu drama. Valmir Lisboa, 47 anos, pai de dois filhos, também aguarda a rescisão trabalhista pelos cinco meses de trabalho, tempo que, segundo ele, ganhava até R$ 500 e hoje se vira com os R$ 60 por semana, de roçadas.
De acordo com a lei 462 da CLT, parágrafo 4º, é vedado às empresas limitar, por qualquer forma, a liberdade dos empregados de dispor do seu salário.
Data da Publicação: 14/03/2010
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