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sábado, 20 de março de 2010

(Brasil - História Política) - "Jango estava na lista da Operação Condor"

João Vicente Goulart, filho de Jango quer ampla investigação sobre as circunstâncias da morte do pai

Fonte: Jornal do Commercio, Recife

Filho mais velho do ex-presidente João Goulart, João Vicente tem como objetivo prioritário na vida conseguir que a Justiça ordene uma ampla investigação sobre a morte do pai. No entanto, ele, pessoalmente, não tem mais dúvidas: foi um ato da Operação Condor. Para intensificar sua luta, João Vicente fundou, no Rio, o Instituto João Goulart. Ele narrou ao JC sua versão dos fatos, citou nomes de oficiais e agentes envolvidos e reforçou as críticas à hesitação do Ministério Público em pedir a reabertura do processo.

JC – O senhor luta há anos para que se investigue a morte do ex-presidente João Goulart. Como está esse processo atualmente?

VICENTE GOULART – Nossa luta é, em princípio, uma questão de soberania nacional. Quando surgiram os primeiros boatos sobre a possível morte de meu pai no exílio, tivemos certa surpresa de que isso pudesse ter acontecido. Tínhamos algumas dúvidas lógicas dos acontecimentos daqueles dias do enterro. Desde o falecimento em 6 de dezembro de 1976, na sua fazenda La Villa, na província de Corrientes, na Argentina. Haviam fatos duvidosos, como a não permissão de abrir o caixão durante o velório, e causava espécie que nem as autoridades argentinas exigissem uma autópsia no corpo, nem as autoridades brasileiras, depois que o féretro chegou ao território brasileiro. Nem sequer permitiram que o povo se acercasse do caixão.

Fizeram um cordão de isolamento pelos 200 quilômetros que separam a Ponte da Amizade de Uruguaiana e São Borja, cidade natal de Jango. Quando olhamos a certidão de óbito emitida pelas autoridades argentinas, maior foi a surpresa. Estava escrito em espanhol: “muerte por enfermedad”! Ora, morte por “doença”, sem autopsia, em um ex-presidente da República que vivia sob ameaça das ditaduras latino-americanas, que vinham exterminando outros líderes de esquerda na Argentina – tais como (Carlos) Prats, (Juan José) Torres, (Zelmar) Michelini, (Héctor) Gutierrez Ruiz e tantos outros – era, no mínimo, suspeito. Mas ainda assim, estávamos sob a ditadura, e Jango já estava descansando em sua terra, da qual saiu vivo, pensando em um dia voltar.

JC – E quando as suspeitas de assassinato ganharam corpo?

GOULART – Após a abertura foram surgindo novos fatos, que viriam a ser divulgados em escala homeopática por processos abertos à medida em que as ditaduras iam terminando. A descoberta dos arquivos no Paraguai, pelo dr. Martín Almada, intitulados “Operación Cóndor”, foi a ponta do iceberg. Veio o sequestro de Lilian Celiberti e Universindo Dias no Brasil, veio o descobrimento da Operação Andréa (fábrica de venenos no Chile, conduzida pelo químico “Hermes” Berríos, ligado ao general (Manoel) Contreras, chefe da Dina, que era dirigida pelo agente (da CIA) Michael Townley. Esse agente veio assassinar (o ex-ministro) Orlando Letellier na cara dos gringos, a poucos metros do Congresso Americano (Washington).. E, por fim, houve os desaparecimentos em massa de militantes uruguaios na Argentina, comandados pelo coronel Gavazzo, que operava clandestinamente sequestrando e matando os jovens militantes tupamaros e parentes, que nem eram do movimento.

Ele fazia os “voos da morte”, jogando-os no Mar del Plata em pleno voo. Essas arbitrariedades foram vindo à tona e, com elas, novas informações de agentes, alguns sem emprego de espionagem, dada a política de direitos humanos que vinha sendo implementada aos poucos para distender a pressão sobre a América Latina e implantar a nova doutrina mundial econômica: A globalização do capital.

JC – João Goulart estava entre os “alvos”?

GOULART – Surgiram listas que colocavam o nome de Jango na quarta posição da Operação Condor. Foi aí que, com muita fé e espírito altivo, meu tio Leonel Brizola me chamou no seu apartamento na Avenida Atlântica (RJ) e me disse: “João, estou plenamente convencido que o nosso Jango foi assassinado, e vou pedir uma comissão de investigação na Câmara dos Deputados. O deputado Miro Teixeira (PDT) assumiu a relatoria e as investigações preliminares foram em frente. É interessante ler o relatório final, publicado pela Câmara. Principalmente o relatório de Miro, que diz: “Não podemos afirmar, por enquanto, que o presidente Jango foi assassinado, mas seria uma temeridade dizer que não o foi”. Hoje, passados dez anos dessa comissão, temos um inquérito em andamento promovido pelo Instituto Presidente João Goulart, fundado pela família, que busca indícios para que o Ministério Público Brasileiro se digne a encaminhar a um juiz Federal a abertura de ação civil pública para ouvir os agentes americanos envolvidos nos relatos. Entre eles, Frederick Latrash, denunciado por mim na última campanha presidencial americana como assessor direto do ex-candidato a presidência John McCain.

JC – Quais os próximos passos que o senhor vai empreender?

GOULART – Os passos são vários, mas agora cabe saber se nossas autoridades terão coragem para interpelar os agentes americanos. Outros países já o fizeram: Itália, Espanha. Mas não importa, pois o espírito de luta é o último que se perde. O inquérito está repleto de provas para serem vistas por um juiz. Há o relato do agente Mario Neira Barreiro, dando detalhes da reunião da “Operação Escorpião”, que determinou a eliminação de Jango, e as pessoas que dela participaram, como (o delegado do DOPS) Sérgio Fleury, o general Queirolo (chefe de inteligência do Exército uruguaio), Frederick Latrash (chefe da CIA no Rio da Prata), o capitão Adonis (químico uruguaio) e o grupo de ação do tenente “Tamuz” (codinome de Mario Neira Barreiro) com mais dois agentes.

Porque não dão conhecimento dos rumos destas investigações? Só o tempo nos dirá. Quando começamos, dizendo que para nós trata-se de soberania, imaginamos que uma Nação pretensamente independente deve querer saber o que aconteceu com o seu único presidente constitucional republicano a morrer no exílio, derrubado pela prepotência do terrorismo de Estado. Estamos esperando pela Justiça.

JC – Mas a família e o instituto têm se movimentado?

GOULART – Nós solicitamos, através de nosso instituto, que é uma OSCIP, a abertura de uma ação civil pública. Era a forma, porque se o fizéssemos através da família, teríamos sem dúvida uma resposta lacônica ao pedido. Assassinato prescreve em 20 anos! Esta é a figura lacônica da não revisão de cláusulas de nossa Lei de Anistia. Em todos os países civilizados, os acordos internacionais de Direitos Humanos prevêem que esses tipos de crimes políticos – assassinatos, sequestros, desaparecimentos, torturas – são crimes de lesa-humanidade, inanistiáveis e imprescritíveis! Vamos esperar para ver o que o Brasil deseja fazer com a memória de seu ex-presidente. Se não, vamos tomar o caminho dos tribunais internacionais para proceder à investigação. Jango morreu em território argentino, e lá não tem lei que prescreva quando há assassinato político. Quem sabe a Argentina não deseja cicatrizar as suas feridas do passado investigando a morte de um esquecido presidente brasileiro? Ou, em última instância, a Justiça brasileira será denunciada na Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA.

JC – Há um agente da Operação Condor preso no Brasil. O que ele revelou?

GOULART – É o Mario Neira Barreiro. Suas suas declarações não estavam ainda transcritas na primeira investigação da Câmara Federal, mas muito bem explicitadas na investigação da Assembleia do Rio Grande do Sul. Essas declarações estão retificadas pela Polícia Federal, a pedido do ex-ministro Tarso Genro, e anexadas ao inquérito. No começo, eu é que fui ao presídio de segurança máxima de Charqueadas, como se fosse repórter da TV Senado, e tirei as declarações iniciais que fazem parte do processo e do documentário “Jango em três atos”.

JC – Em entrevista ao JC, pouco antes de morrer, o ex-governador Miguel Arraes revelou ter recebido agentes do serviço secreto argelino em sua casa, durante o exílio. Eles o avisaram sobre planos para assassinar os principais líderes da resistência no Brasil e na América do Sul. Entre eles, o próprio Arraes, Leonel Brizola, João Goulart, Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda. Alguns, de fato, morreram logo depois, inclusive integrantes da cúpula do PCB, como David Capistrano. O que o senhor sabe sobre isso?

GOULART – O desaparecimento de líderes latino-americanos se produziu de forma seletiva. Arraes sabia, mas quem soube através de um agente argelino que Jango era o quarto da lista foi Neiva Moreira, que até hoje não disse o nome do agente. Juscelino também é suspeito de atentado. Lacerda, a mesma coisa. A grande pergunta é: para abrir o capital de uma forma globalizada, em certo momento, os americanos não se importavam mais com quem era ou não comunista. O muro (de Berlim) falava por si só. Mas quem poderia se opor à globalização, que teria que ser feita de forma democrática, eram os nacionalistas. E isso eles não controlariam sem o fim dessas pessoas. Os outros eram controláveis através de uma forte e maciça imprensa destrutiva. Graças a Deus, hoje a internet as está desmistificando.

JC – O senhor testemunhou as ações da ditadura militar não somente no Brasil, mas também no Chile, Argentina e Uruguai. Que análise faz desse período e da suposta interferência de forças externas, como a CIA? Foi, de fato, uma extensão da “guerra fria” na América do Sul?

GOULART – Eu diria que da guerra não-convencional. A CIA opera na América Latina com muita força desde os primórdios do pré-colonialismo inglês, transferindo a hegemonia econômica aos americanos no pós-guerra. Nós perdemos a guerra fria em 1964, pois com a desistência de Jango em resistir – e ele sabia da quarta frota americana de desembarque para apoio a República de Minas – não quis jogar o país numa guerra civil fratricida entre irmãos. O modelo americano era a divisão territorial onde seus interesses eram ameaçados, como o Vietnã, a Coréia. Mas as ações encobertas já vinham sendo praticadas, corroendo as instituições latino-americanas. Isso foi revelado em 2002, quando o ex-embaixador americano Lincoln Gordon declarou ao Fantástico (TV Globo) e ao Roda Viva (TV Cultura), que havia usado cinco milhões de dólares para comprar parlamentares brasileiros na eleição de 1962. E os parlamentares vieram a declarar vaga a presidência da República, em 1964, com Jango dentro do país. O presidente do senado, Áureo Moura Andrade, tinha desfilado em São Paulo, poucos dias antes, abraçado ao Padre Payton, conhecido agente da CIA. Ou seja, a CIA está convosco. Ela está no meio de nós.

JC – Como o senhor está vendo esse processo de abertura dos arquivos da ditadura e a criação da Comissão da Verdade? Países como o Chile e a Argentina fizeram as aberturas. Mas no Brasil parece haver uma certa hesitação, sobretudo um temor de provocar os militares...

GOULART – A Argentina, o Chile, o Uruguai estão fazendo o dever de casa no que se refere ao conhecimento da verdade. Tenho participado de todos os debates no Ministério da Justiça sobre a Comissão da Verdade. É de fundamental importância para qualquer país civilizado e é importante que um debate sem paixões anteceda sua formação. Isso se acelerou na crise do golpe de Honduras, e houve as consequências que todos conhecemos. Quando estávamos falando em democracia e a favor do presidente deposto, recebemos um petardo do Roberto Micheletti (interventor em Honduras): “Ora, vocês brasileiros falando em democracia, se nem ao menos detém uma comissão da verdade!”. Ele nos esbofeteou na dialética. Fomos então para o debate da construção da comissão, que após meses de discussão veio inserida no Plano Nacional de Direitos Humanos 3. Teria que ser uma proposta independente, debatida primeiro no âmbito dos direitos humanos. Não foi o que aconteceu. Ainda em um debate, o ministro Nelson Jobim )Defesa) propôs que o nome fosse mudado para “comissão da verdade e da reconciliação”, coisa que só o Jobim poderia esperar que fosse aceita. Só faltou ele vestir uma roupa camuflada, pegar aquela jibóia que costuma sair nas fotos e vir discutir o paradeiro dos corpos do Araguaia com as famílias que perderam seus entes lutando pela pátria. Ou então ir correndo ao encontro do presidente para ameaçá-lo institucionalmente com sua demissão, junto com os comandantes militares. Esse joguinho não serve ao Brasil. As cartas da verdade devem ser expostas. Podem até vir a ser perdoadas, mas devem ser expostas com clareza e dignidade, como as cláusulas de nossa Constituição, votadas em plenário,

Data da Publicação: 14.03.2010

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