Presidente eleito vai se alinhar no bloco dos governos pró-Estados Unidos, capitaneados por Alvaro Uribe
Mário Augusto Jakobskind
Fonte: site do Sindsprev-RJ
A direita latino-americana ganhou um forte aliado com a eleição de Sebastián Piñera como Presidente da República do Chile. Uma das maiores fortunas do Chile, que começou a enriquecer exatamente no período da ditadura do General Augusto Pinochet, Piñera é o principal acionista da empresa aérea Lan Chile e tem o controle do clube de futebol mais popular do país, o Colo-Colo.
Em termos de política econômica, o governo Piñera, que tomará posse em março, não vai diferir muito dos 20 anos de Concertación, a aliança política que administrou o Chile seguindo o modelo neoliberal iniciado exatamente na época da ditadura Pinochet, que teve a assessoria dos chamados Chicago Boys, um grupo de economistas que colaboravam com diversos governos na adoção de políticas econômicas que priorizam o mercado.
Piñera deverá aprofundar o favorecimento ao mercado e as grandes empresas capitalistas transnacionais. O Presidente eleito já anunciou que pretende privatizar parte da estatal do cobre, um dos produtos de exportação que mais divisas rende ao Chile e que nem a ditadura Pinochet ou o governo da Concertación conseguiu.
O presidente eleito já anunciou também que pretende dar continuidade a política social compensatória que fez com que a Presidente Michèle Bachelet ganhasse popularidade e apoio de mais de 70% dos chilenos, embora não tivesse conseguido transferir os votos para o candidato da Concertación, Eduardo Frei.
O setor onde mais se deverá sentir a direitização do Chile será, segundo analistas políticos, a política externa. Neste caso, Piñera se alinhará com os presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe, do Peru, Alan Garcia e mais recentemente do Panamá, Ricardo Martinelli, o dirigente que autorizou a instalação de bases militares dos Estados Unidos. E isso num país que no final do século passado conseguiu, através do Tratado Torrijos-Carter retomar o controle do Canal do Panamá, que esteve sob controle estadunidense durante um século.
Em sua primeira entrevista depois de eleito, Piñera investiu contra o Presidente da República Bolivariana da Venezuela, para satisfação do Departamento de Estado norte-americano, que tem intensificado a oposição ao governo de Hugo Chávez.
Piñera é acusado de se valer de expedientes questionáveis para aumentar a sua fortuna, inclusive com operações irregulares no mercado financeiro. Ele nega as acusações com o argumento de que é um empresário bem sucedido e e que cresceu trabalhando honestamente.
Alguns analistas prevêem que Piñera se tornará o Berlusconi dos Andes. Além da Lan Chile e do controle do Colo-Colo, Piñera é proprietário de um grande canal de televisão, o Chilevisión, que ajudou o candidato da direita a se eleger presidente. É um político marcadamente de direita com a agravante que deverá convocar para compor o seu gabinete figuras políticas que se projetaram na sombra do ditador Augusto Pinochet.
Com isso, 20 anos depois do fim da Era Pinochet, cujo governo começou a desmoronar depois da convocação de um plebiscito, que objetivava legitimar a ditadura, em que o ditador foi derrotado, a direita volta ao poder no Chile. É também a primeira vez em mais de 50 anos que essa ascensão ocorre por uma eleição. O último presidente eleito marcadamente de direita foi o também empresário Jorge Alessandri, eleito em 1958 e que governou o Chile até 1964.
Em 1970, mesmo com o apoio da CIA, Alessandri foi derrotado por Salvador Allende, que veio a ser deposto por um sangrento golpe militar capitaneado pelo general Augusto Pinochet.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
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