Segundo a senadora Marina Silva, "é preciso mudar a Política, mudar o Planeta e sempre com um compromisso ético, forjando uma aliança entre as gerações. Tudo que fizermos, agora, vai certamente repercutir nas gerações futuras. Chegamos à era dos limites. É preciso começar a marcha para a transformação"
Renato Gianuca*
Fonte: EcoAgência de Notícias
”O atual modelo de civilização está em crise. Não é mais possível remendá-lo. O modelo econômico mostra também o fenômeno da exaustão. E a crise ambiental é exemplificada pelas atuais mudanças climáticas”.
A senadora Marina Silva começa falando devagar. Aos poucos, vai acelerando, para uma platéia de umas 500 pessoas no armazém 7 do Cais do Porto da capital gaúcha. Uma chuva miúda cai lá fora, nesta quinta-feira (28/01), enquanto uma esmagadora maioria de jovens escuta com atenção a fala da pré-candidata do Partido Verde (PV) à Presidência da República, nas eleições de outubro deste ano.
A promoção é da Rede Brasileira de Cidades Justas e Sustentáveis, e o debate proposto é sobre os novos parâmetros para o desenvolvimento. Aliás, um debate bem democrático – conforme o próprio espírito deste décimo Fórum Social Mundial.
A platéia já ouviu, antes de Marina, o pensamento do onipresente professor português Boaventura Santos, também presente na parte da manhã no seminário sobre hegemonia política na Assembléia Legislativa e no Seminário sobre Direitos Humanos realizado pelos Ministérios Públicos Estadual e Federal. E, antes da senadora, alguns participantes questionaram Boaventura sobre diversos pontos de seu discurso.
Marina e o empresário Oded Grajew esperaram sua vez, pacientemente. Marina veste uma bata longa e colorida. Ela cumpre uma verdadeira maratona de compromissos dentro deste FSM, assim como o professor Boaventura.
E, quando fala, é ouvida com toda atenção possível pelos presentes. Ela defende aqueles considerados “utópicos” e “sonhadores”, remando na contramão da maré capitalista neoliberal. E cita os exemplos de Nelson Mandela e sua luta contra o odioso regime do apartheid na África do Sul.
Sustentar-se na diversidade
Para a senadora do PV, os índices do PIB – dos países ou os per capita – já não representam mais a totalidade das aspirações das grandes maiorias da Humanidade – e isso se é que alguma vez foram de fato representativos. Ela lembra o novíssimo conceito do Índice de Felicidade, de Bem Viver.
Mas sua idéia forte é : “sustentar-se na diferença”. Lembrando o genocídio dos povos indígenas da América do Sul, lembrou a presença de cinco milhões de nativos no Brasil no ano 1500. Agora, cinco séculos depois, restam apenas 700 mil pessoas indígenas. Para ela, o atual modelo sócio-econômico busca eliminar o diferente. E esta é a ação repressiva de todos os colonizadores, em todos os tempos: os portugueses, os espanhóis, os holandeses, os franceses e os ingleses.
Dentro de sua idéia forte, Marina Silva conclui: “É preciso mudar a Política, mudar o Planeta e sempre com um compromisso ético, forjando uma aliança entre as gerações. Tudo que fizermos, agora, vai certamente repercutir nas gerações futuras. Chegamos à era dos limites. É preciso começar a marcha para a transformação”, disse, sob fortes aplausos da juventude presente.
(*) Jornalista gaúcho
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
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