Sociólogo português explica quais são as questões vitais nos dias de hoje para a construção de uma nova hegemonia política
Renato Gianuca*
Fonte: Ecoagência
“A construção de uma nova hegemonia política passa pelo movimento ambiental. E também pela justiça ambiental. Essas são questões vitais. O debate destes pontos é vital e figura entre as grandes conquistas do Fórum Social Mundial. É necessário fortalecer a aliança entre as grandes maiorias, juntando os adeptos da economia solidária, os militantes da ecologia dos pobres, mais os povos indígenas e os descendentes dos quilombos. Tudo em busca de um horizonte pós-capitalista.”
São as palavras do professor e sociólogo português Boaventura de Souza Santos, falando com exclusividade à EcoAgência, na manhã de 28/01, na Assembleia Legislativa, quando participou do grande painel sobre Elementos da Nova Agenda sob o tema “Como Construir Hegemonia Política”. Era o último dia do Seminário Internacional que avaliou os 10 anos do Fórum Social Mundial (FSM), seus desafios e suas propostas para um outro mundo possível.
Aí, a pergunta do repórter da EcoAgência: ”Mas e esse horizonte pós-capitalista, professor, já está mais próximo?”
”Na verdade, não se pode prever o futuro. Todo desafio à atual hegemonia política vai depender de um grande consenso. É necessário apostar na democracia. Uma democracia mais avançada, uma democracia participativa, uma democracia comunitária”, responde Boaventura, da Universidade de Coimbra, Portugal.
A Humanidade está ameaçada de extinção
O painel matinal sobre a hegemonia política foi aberto pelo presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Ivar Pavan. Em sua intervenção, ele destacou a necessidade de se adotar um novo modelo econômico, que possa unir o desenvolvimento com a sustentabilidade ambiental.
”As maiores vítimas do desequilíbrio ambiental são, justamente, os mais pobres”, destacou Pavan. Para ele, a força do FSM indica o estabelecimento de uma grande agenda global de mudanças.
Segundo a falar, o professor Boaventura afirmou que “há no mundo um sentimento de urgência nas mudanças. Estamos convencidos de que não podemos desperdiçar as oportunidades de melhorar, agora, a vida das pessoas”
Falaram a seguir Virgínia Vargas, do Peru, pela Articulação Feminista Mercosul, e Christophe Aguiton, representante das Marchas Europeias Contra o Desemprego.
E aí uma nova e agradável surpresa: a exemplo do painel de terça-feira, sobre a “Conjuntura Econômica Hoje”, falou Amit Sengupta, da Índia, pelo Movimento Saúde das Pessoas. (Na terça-feira, o debate sobre Economia foi dominado pelas questões ambientais, conforme esta EcoAgência já noticiou).
E Sengupta demonstrou em sua fala uma forte preocupação com o meio ambiente e com a sustentabilidade do Planeta.
“Não basta apenas derrotar o capitalismo e construir uma nova hegemonia. É preciso, ainda, proteger a Humanidade da extinção. Talvez até a espécie humana não consiga sobreviver ao capitalismo. Se quisermos salvar o Planeta, as pessoas que formam a grande maioria da população mundial, deverão se emancipar e realizar as suas mínimas aspirações”, declarou, debaixo dos aplausos da plateia presente ao auditório da Assembleia gaúcha.
(*) É jornalista. O artigo foi publicado originalmente pela Ecoagência.
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