Militantes que lutam pela reforma agrária são punidos com rigor, mas os que cometem delitos contra o erário público seguem fazendo e acontecendo
Emanuel Cancella*
Pois é, os mensaleiros de Brasília, governador e deputados, filmados
guardando dinheiro na bolsa e na meia, estão livres, leves e soltos.
Já os militantes do MST que se mobilizam pela reforma agrária e lutam
para melhorar a vida de todos os brasileiros, estão presos. A reforma agrária está prevista na Constituição Federal. O legislador constitucional teve visão de nação quando fez a lei que objetiva barrar o êxodo rural, gerar emprego e renda no campo. Assentar no campo o povo para barrar o processo de favelização, ainda aumentando a produção de alimentos, inclusive vale destacar que mais da metade dos alimentos que freqüentam nossa mesa são de origem na agricultura familiar.
Para melhorar a qualidade de vida de seus povos, todos os países de
dimensões continentais já fizeram a reforma agrária, menos o Brasil. E não é por acaso. Cerca de 50% do território brasileiro está na mão de 1% de
fazendeiros. São os latifundiários, os mesmos que barram a reforma agrária.
Eles são poucos, mas são poderosos, têm influência no Executivo, Judiciário,parlamento e principalmente na mídia. Praticam a monocultura voltada para a exportação. Já a reforma agrária é constitucional, tem uma função social preponderante, de interesse de toda a sociedade. Os latifundiários abriram guerra ao MST porque se sentem ameaçados. Eles não resistem a um debate com a sociedade que com certeza não iria defendê-los. Ninguém vai apoiar o latifúndio e a monocultura, que com muito pouco retorno à sociedade, são financiados pelo estado a fundo perdido e são propriedades de poucos.
O problema é que os sem-terra são pobres e, portanto sem direitos. São
julgados diariamente e condenados na TV no horário nobre na sala de nossas
casas, sem direito à defesa. Agora utilizam a ação da Cutrale para endurecer com o MST. Essa fazenda está em área da União e a empresa é acusada de formação de cartel. Por conta das irregularidades, em janeiro de 2006, a polícia federal realizou uma devassa na empresa na operação chamada de Fanta. E por que essa notícia não aparece na grande mídia?
Para mostrar seu poderio, além da perseguição e prisão dos militantes do MST instalaram a CPMI para investigar o uso do dinheiro público pelo movimento.
Essa é a terceira CPI contra o MST em cinco anos. A atual CPI poderia
investigar o uso do dinheiro público pelo MST e também pelo agronegócio e os pecuaristas e apurar quem trás mais benefício para a sociedade? Jamais eles aceitariam esse desafio.
Os poderosos do campo se prevalecem da omissão da sociedade. Como dizia
Martin Luther King: "o que me preocupa não é o barulho dos violentos, e sim,o silêncio dos justos".
(*) diretor do Sindipetro-RJ
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