Dolichoderus bidens é uma espécie de formiga que ocorre em vários ambientes perturbados da América do Sul
Ana Yoahi Harada*
Fonte: Agência Amazônia
As formigas se comunicam através de substâncias, denominadas ferormônios, para diversos fins, tais como alarme (avisar sobre possíveis predadores ou ameaça para a colônia), recrutamento (informar as companheiras sobre a presença de alimento), territoriais (marcar os territórios de uso exclusivo da colônia) e reconhecimento (sinal de reconhecimento específico dos indivíduos habitantes de cada colônia) e se organizam em ninhos.
Os ninhos são construídos em qualquer tipo de lugar: em cavidades de plantas, em galerias na madeira, folhas, mas a grande maioria constrói seus ninhos no chão que podem chegar a até 5 m de profundidade.
Por encontrarem-se em fase de crescimento, as larvas requerem dietas ricas em proteínas; já os adultos, ao contrário, requerem dietas ricas em carboidratos. Em muitas espécies de formigas, os adultos ingerem açúcares provenientes de nectários florais ou extraflorais, de secreções de homópteros, de frutas ou diretamente da seiva das plantas. Embora sejam na maioria predadoras, muitas formigas podem obter uma parcela considerável de seu suprimento energético a partir da matéria vegetal.
Dolichoderus bidens é uma espécie de formiga que ocorre em vários ambientes perturbados da América do Sul (Colômbia, Venezuela, Bolívia e Brasil) e pouco se conhece de sua biologia. As operárias dessa espécie se movem rapidamente, são bastante agressivas quando perturbadas e vivem associadas às plantas, ou seja, são arborícolas. Essas espécies de formiga constroem “ninhos de papelão” (assim chamados porque são formados de celulose, mais grão de solo, mais substância química secretada através da glândula mandibular), na área dorsal de folhas de plantas quando habitadas e dominadas por elas.
Os “ninhos de papelão” são fabricados por diversas espécies do gênero Dolichoderus (Lund.), como D. bidens, D. bispinosus, numerosas espécies de Camponotus, de Azteca e de Crematogaster. As espécies de Dolichoderus visitam nectários florais, extra-florais e frutos de diferentes plantas onde se alimentam enquanto as habitam, como por exemplo, Mansoa standleyi (Steyerm.) A. H. Gentry (Bignoniaceae), conhecida popularmente por cipó-de-alho, e espécies da família Anonaceae. A permanência dessa espécie de formigas nas plantas está vinculada aos períodos de floração e frutificação e, após o qual, elas abandonam a planta-hospedeira. As plantas colonizadas por esta formiga também são visitadas por outros invertebrados como aranhas, percevejos, vespas, abelhas, formigas e vários tipos de moscas.
Num indivíduo de cipó-de-alho (Mansoa standleyi (Steyerm.) A. H. Gentry cultivado no Campus de Pesquisa do Museu Emílio Goeldi, foram encontrados vários “ninhos de papelão” durante o mês de abril de 2009. Nesta planta, a maior ocorrência de formigas foi no ápice dos caules e nas flores. No indivíduo de Anonaceae, plantado também no Campus de Pesquisa do Museu Emílio Goeldi, os “ninhos de seda” foram construídos ao longo de ramos e na face dorsal de folhas das plantas em novembro de 2008 e as formigas se alimentavam da casca e polpa dos frutos.
Após a exaustão do material que serviu de alimento, as formigas abandonaram a planta sem deixar vestígios da sua presença e sem causar nenhum dano nas duas plantas observadas. Isto nos leva a perceber seu hábito oportunista, habitando diferentes espécies de plantas nos vários períodos do ano.
(*) É pesquisadora da Coordenação de Zoologia do Museu Emílio Goeldi
Data de publicação: 8/02/2010)
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