O filme “A ilha – arquivos de uma tragédia”, do alemão Uli Stelzner, procura recuperar a memória da guerra civil e aponta para a existência do Arquivo Histórico da Polícia Nacional (AHPN). Depois de quase quatro anos de trabalho, o documentário estreou na capital da Guatemala, na terça-feira, 20.
Alesía Martínez
Fonte: Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 30-04-2010.
Os 36 anos de guerra interna deixaram um saldo de 200 mil mortos, 45 mil desaparecidos e 5 mil mulheres violentadas. Depois da assinatura dos Acordos de Paz, em 1996, a Comissão para o Esclarecimento Histórico perguntou pela existência de documentos da Polícia Nacional onde pudesse investigar, recebeu como resposta do governo Álvaro Arzú que não existia qualquer arquivo histórico sobre a época.
O historiador Cifuentes Medina descobriu, por acaso, em 2005, documentos do que agora está sendo denominado de AHPN num local escuro e úmido, sem ventilação, denominado Local 3, na capital do país.
Milhares de dossiês se empilham no local. Entre as etiquetas de referência lê-se seqüestros, delitos sexuais, desaparecidos. É só uma pequena parte do que existe. O Arquivo conta com 80 milhões de documentos que, dispostos em linha reta, representam oito quilômetros ininterruptos de informação. Apesar de todas essas provas, os autores dos crimes ali registrados continuam impunes.
“Trata-se de uma película dura, pela crueza dos depoimentos que nela aparecem, mas creio que ao mesmo tempo é necessária, pois este segredo guardado durante tantos anos causou muito dano a toda a sociedade guatemalteca“, disse Stelzner.
Seu maior desejo é do que o documentário cumpra com a função de informar e, sobretudo, que gere um debate positivo para a recuperação da memória. O documentário faz sucesso de bilheteria e poucas horas antes de sua estréia houve anúncio de ameaça de bomba no local.
Data de Publicação: 30-04-2010.
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