Deu no Brasil de Fato
No caminho do segundo turno uruguaio
Mário Augusto Jakobskind*
O conservadorismo uruguaio tenta desesperadamente reverter uma situação considerada irreversível pelos analistas
Ao mesmo tempo em que as primeiras pesquisas indicam o favoritismo do candidato da Frente Amplia, José Mujica, entre sete e oito pontos percentuais de diferença sobre o direitista Luis Alberto Lacalle, o conservadorismo uruguaio tenta desesperadamente reverter uma situação considerada irreversível pelos analistas. Há ainda 8% de indecisos.
Na mais recente investida, o ex-presidente Jorge Batlle, do Partido Colorado, tenta vincular José Pepe Mujica e outros ex-guerrilheiros tupamaros a um arsenal de armamentos encontrados pela polícia em Montevidéu. Segundo as investigações, o caso está vinculado ao crime organizado, inclusive a traficantes de armas que agem no Brasil, mas a direita uruguaia utilizando-se de espaços midiáticos procura envenenar a opinião púbica tendo em vista a eleição presidencial do último domingo de novembro (29), quando pouco mais de dois milhões e meio de eleitores decidirão entre dois projetos: o da direita, encabeçado por Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional, um ex-presidente que no governo contemplou o capital financeiro com injeções de verbas de milhões de dólares, e o da esquerda encabeçado por José Pepe Mujica. Lacalle tem como vice Jorge Larrañaga, e Danilo Astori é o vice de Mujica.
As últimas pesquisas divulgadas pela imprensa indicam que Mujica tem 50% ou 49% das intenções de voto, enquanto Lacalle aparece com 42% em todas as duas consultas. Para a maioria dos analistas políticos e especialistas em pesquisas, dificilmente o resultado se modificará, mesmo a direita utilizando expedientes como o do episódio do arsenal de armas encontrado pela polícia.
Na capital uruguaia, Pepe Mujica tem a preferência de 56% dos eleitores, enquanto Lacalle ficou na faixa dos 35%. Já no interior, a direita tem 47%, enquanto a Frente Ampla aparece com 46%, o que caracteriza um empate técnico.
Por ter acusado, sem provas, o ex-guerrilheiro Julio Marenales e insinuado ligações de Mujica com o arsenal encontrado, o ex-presidente Batlle terá de responder na Justiça se confirma o que disse.
No primeiro turno, realizado no último dia 25 de outubro, a Frente Ampla obteve a maioria absoluta na eleição para o Parlamento, que escolheu 99 deputados e 30 senadores, mas o candidato Pepe Mujica ficou com pouco mais de 48,14% dos votos e Lacalle pouco mais de 29%.
A aliança Frente Ampla, que hoje reúne 40 agrupamentos políticos das mais variadas tendências de esquerda, foi fundada em março de 1971, tendo ficado na clandestinidade durante os anos de ditadura (1973-1984) tornando-se, desde 2004 a força política de maior peso eleitoral no Uruguai.
*Mário Augusto Jakobskind é jornalista, correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim e integra o Conselho Editorial do jornal Brasil de Fato.
domingo, 22 de novembro de 2009
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