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domingo, 1 de agosto de 2010

(Uruguai - Política) - A esquerda uruguaia teve a genialidade de juntar-se’

No dia 26 de julho de 2010, o Uruguai celebrou 25 anos do fim da ditadura militar. A senadora pela Frente Amplio, Lucía Topolansky (Montevidéu, 1944), foi guerrilheira dos Tupamaros durante o regime (1973-1985) e passou 13 anos na prisão. É a única mulher a presidir o Senado de seu país e está casada com o atual presidente, José Mujica, a quem conheceu durante os anos de luta armada. Em um gabinete sóbrio, com uma foto do Che Guevara na parede, Topolansky descreve a experiência do Governo de coalizão encabeçado por Frente Amplio, que chegou ao poder em 2004. Entrevista a Lucia Topolansky, senadora por Frente Amplio no Uruguai.



Ana Delicado

Tradução: ADITAL- Publicado pelo IADEG (Instituto Argentino de Estudios Geopolíticos) / Enviado por Ecupres].


- O Uruguai é um pequeno país entre dois gigantes, Brasil e Argentina. Como o país vê a si mesmo?

É um dos países com instituições mais fortes da América Latina; apesar de que teve ditaduras de três a doze anos de duração, respectivamente. O uruguaio gosta de se expressar e de votar; é parte de sua idiossincrasia. Em inícios do século XX, foram feitas várias reformas sociais vanguardistas que deram uma perspectiva distinta ao Uruguai. Essas leis trouxeram a um país altamente alfabetizado a lei trabalhista de oito horas, a proteção sindical, o divórcio e o voto da mulher.

- Como a esquerda abriu caminho?

A esquerda uruguaia teve a genialidade de juntar-se à Frente Amplio (FA) em 1971 e então começou a incidir na realidade.

- Com êxito, já vão para seu segundo governo.

Sim. Temos uma forma diferente de governar. No período do anterior presidente, Tabaré Vázquez, 38 leis trabalhistas foram promulgadas. Isso permitiu a sindicalização de grande quantidade de trabalhadores, que antes eram perseguidos. A central operária cresceu três vezes e meia em número de filiados. O trabalho doméstico foi regulamentado, incluindo salário, proteção social e seguro desemprego.

- Que outros resultados a gestão anterior da FA obteve?

A índice de pobreza baixou um terço e o da indigência caiu para a metade. Nós vínhamos de uma crise terrível desde 2002, que nos havia golpeado forte. Agora, esperamos eliminar a indigência e diminuir ainda mais os índices de pobreza.

- E em política econômica?

Foram feitas duas reformas de fundo. Uma é a tributária, ainda em processo. No Uruguai, pagávamos impostos de maneira muito injusta. Com a reforma tributária, muita gente que pagava impostos deixou de pagar; e outras que pagavam muito pouco, passaram a pagar um pouco mais. A segunda reforma foi sobre o organismo arrecadador, de maneira a atuar com mais eficiência contra a evasão de impostos. A arrecadação aumentou muito e isso permite desenvolver uma política pública, para a qual se necessita de dinheiro.

- A Frente Amplio aglutina forças muito diversas...

É uma frente policlassista; não um partido. Tem a virtude de reunir toda a esquerda, desde o Partido Comunista até setores que são somente progressistas. Porém, o fato de estarmos todos juntos nos permitiu chegar ao poder. De outra maneira teríamos sido somente testemunhas. No mundo, fracassaram todos os sistemas: o capitalista, porque as pessoas estão morrendo de fome; e o socialista, aplicado na Europa Oriental. Não é simples reconhecer que a teoria do socialismo real não teve êxito em sua prática, apesar de que deixou coisas positivas, que devemos resgatar. Se os da esquerda não admitirmos isso com honestidade, não avançaremos nunca.

- Que ‘lições’ lhe deixaram os 13 anos em que passou na prisão devido á sua militância guerrilheira?

Depois de ter passado esses anos na prisão só me resta dar graças à vida pro estar aqui. Tento ver pelo lado positivo. Naqueles anos em que estivemos presas, tentamos aprender umas com as outras; viver o melhor que podíamos como a melhor defesa que tínhamos, para poder sair com a cabeça lúcida e o compromisso intacto. A prisão não podia destruir-nos enquanto pessoas.

- Como contempla agora seu passado tupamaro?

A guerrilha tem a ver com um momento da história da América Latina e com um contexto. Se não considerarmos isso, não entenderemos nada. A Revolução Cubana teve um grande impacto na América Latina nos anos setenta, e em todos os países da região houve movimentos armados que pensavam que esse era o caminho mais eficiente para chegar ao poder. Nós éramos parte disso; porém, com nossa perspectiva uruguaia. Perdemos, porque a ditadura triunfou; toda a sociedade saiu perdendo. Após a saída da repressão, o mundo, a América Latina e o país eram outros; assim que decidimos fazer o trabalho político legal e nos somarmos a Frente Amplio.

= Era concebível que ex-guerrilheiros participassem no governo?

Há 25 anos era impensável que alguém que houvesse sido tupamaro, como Mujica ou como eu pudesse tentar a responsabilidade que hoje temos. Há um quarto de século, quando tomava posse o governo democrático, nós ainda estávamos na prisão, porque a Lei de Anistia foi aprovada 14 dias depois. O povo uruguaio sempre lutou pela anistia para os presos políticos. Esse povo foi nos receber na saída das prisões. Nem todas as guerrilhas latinoamericanas passaram por isso. Fomos uma guerrilha com luvas brancas, que tentou fazer o menor dano possível à população e denunciar as questões do sistema que estavam em jogo. E as pessoas nos aceitaram. De outra forma, não daria para entender porque Pepe (Mujica) seja hoje o presidente da República.

- Qual sua opinião sobre a Lei de Anistia espanhola de 1977?

Há responsabilidades que devem ser assumidas. Em um momento de transição de uma realidade para outra, o povo vota leis de anistia para gerar situações de unidade. Porém, temos que ver também quem são as vítimas dessas realidades. No Uruguai acontece o mesmo. Temos a Lei de Caducidade [que protege os militares da ditadura].

- Qual sua opinião sobre o que aconteceu na Espanha com as vítimas da ditadura franquista?

Alguns sempre nos haviam perguntado porque o juiz Baltasar Garzón perseguia a repressores do estrangeiro e não via o que havia passado na Espanha. Agora vemos a resposta. Até que todas essas coisas não sejam resolvidas, estarão incomodando. A memória não se apaga por decretos ou por vontade de governantes. Nesse sentido, a Espanha ainda tem um longo caminho a percorrer.

Data de Publicação:  29.7.2010

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