Um "perigosa" suspeita de ser terrorista

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Seleção argentina apoia Avós da Pça. de Mayo para o Nobel da Paz

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Matéria paga censurada pelo Financial Times

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Barão de Itararé

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Crianças palestinas acorrentadas

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Piñera y al fondo su mentor

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Será coincidência?

Manchete de jornal venezuelano em 1992

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Ministro Jobim não se dá ao respeito

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Personagens da época da Guerra Fria

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Ingerência da CIA na Colômbia

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Uribe no fim de linha

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Coca Colla boliviana

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A importância da agroecologia

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Uma publicação sintonizada no seu tempo

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Plataforma Ocean Guardian

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Cutrale a, a multinacional que tudo pode

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Uma visão sobre a impunidade

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Mais arte popular desconhecida do Haiti

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A pouco conhecida arte do Haiti

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General Lazaro Cardenas y Fidel em 1959

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america latina

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a gente não se despede de mario benedetti

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boris casoy

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boris para o lixo

sábado, 26 de junho de 2010

(Afeganistão - Cinema -Política) - A câmera flagrou

O filme norte-americano que fotografou a verdade no Afeganistão A câmera flagrou


Robert Fisk*
Fonte: The Independent, UK http://www.independent.co.uk/opinion/commentators/fisk/robert-fisk-the-us-film-that-confronts-the-truth-about-afghanistan-2011042.html

Desde o tempo de escola, eu viajava para assistir aos filmes do Festival de Cinema de Edinburgh, com meu amigo Julian Holt. Por três razões. Apaixonado por trens, queria tirar fotos de locomotivas soltando fumaça na estação de Waverley.

Eu era fascinado por cinema ­– tinha ambições de ser crítico de cinema, além de correspondente estrangeiro ­– e conseguia escapar de meus pais superprotetores. Eram os dias de Faca na Água [1962] de Polanski e da Nouvelle Vague francesa. Fisk Filho, que se hospedava numa pensão obscura no velho porto de Leith – só bebedeiras e navios velhos – podia ser visto ocasionalmente na Casa de Chá Crawford, na Princes Street, lendo ostensivamente uma Cahiers du Cinéma.

Pois essa semana lá estava eu, de volta a Edinburgh, já sem locomotivas fumarentas, um Novotel em vez das pensões em Leith, mas outra vez de olhos esbugalhados para o mundo do cinema. Adorei o filme sobre o futebol afegão Out of the Ashes [aprox. ‘Saído das cinzas’], que meu amigo Andrew Buncombe já comentou para o The Independent, de lá do poleiro onde vive em Delhi. Mas fiquei fascinado com Restrepo[1], longo documentário para o qual dois valentes jornalistas Sebastian Junger e Tim Hetherington, consumiram 13 meses com o Segundo Batalhão da Companhia de Combate da 173ª Brigada Aérea dos EUA no vale Korangal, provavelmente os palmos de terra mais mortíferos de todo o Afeganistão.

O batalhão instala um posto batizado “OP [Observation Post] Restrepo” – em homenagem a camarada muito amado e muito morto – e lá enfrenta versão miniatura da batalha de Khe Sanh[2] à sombra da neve monumental do reino da Talibanlândia. Outro soldado morre frente às câmeras – é morto em patrulha e vê-se rapidamente o cadáver –, as balas zunindo em volta do cinegrafista. Depois de requisitar ataque aéreo a uma vila dita “terrorista”, o batalhão chega por terra à vila e só encontra cadáveres horrivelmente mutilados de crianças e civis.

Tudo isso ganhou picância extra quando o general Stanley McChrystal tropeçou e caiu espetado na própria espada aos pés de Barack Obama essa semana. Não gosto de generais, mas senti uma pontinha de simpatia por esse soldado arrogante. O desprezo que McChrystal manifesta por Richard Holbrooke, o incompetente, – enviado ao "Af-pak" (e que título mais completamente idiota!) que há eras merece, ele também, ser demitido – tem, no mínimo, o mérito da verdade.

Muito mais instrutivo, contudo, foi o comportamento de Obama. Mensalmente, o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu lança insultos e humilhações ao impotente e assustado Obama, que faz tsk-tsk com a língua e, imediatamente depois, mensalmente, jura fidelidade eterna a Israel. Mas quando seu homem n.1 no Afeganistão diz algumas verdades de cozinha sobre o chefe, Obama faz-se de valente e o demite. No exército de Israel, McChrystal faria sucesso!

Por ironia da história, um dos últimos atos de McChrystal foi, precisamente, retirar seus homens do vale Korangal e desativar o Posto de Observação Restrepo. Mas o repórter da rede al-Jazeera conseguiu entrar no posto abandonado há poucos dias, com um grupo de suspeitíssimos Talibã – os quais, com grande júbilo, descobriram que os norte-americanos saíram tão depressa que deixaram para trás muita munição sobressalente. Para isso serviu o sacrifício do Segundo Batalhão e o ainda muito maior sacrifício dos aldeãos afegãs, que foram explodidos, na saída, em nome da “guerra ao terror”.

Sim, Restrepo, o filme, é impressionante. Não só porque mostra o medo dos soldados – e espetaculares cenas reais de batalha – mas pelos momentos cênicos, terríveis, na vila bombardeada. Uma menina, contorcida de dor, olha com tão total incompreensão nos olhos de seus torturadores, que, quem veja aquele olhar, verá que perdemos a guerra no Afeganistão.

Mesmo assim, eu, que sou velho o bastante para ter coberto a ocupação desse mesmo país há 30 anos, tenho de dizer que nenhuma câmera russa jamais filmou as vítimas inocentes da aventura enlouquecida de Brezhnev no Afeganistão. Se nós, como público, somos convidados a simpatizar com os soldados norte-americanos, verdade é que o filme não nos poupa de conhecer a verdade. Nenhum cinéfilo russo jamais viu as vítimas afegãs dos russos, as crianças mutiladas pelas minas russas, as famílias assassinadas nos postos russos de controle, cadáveres cortados ao meio nos ataques aéreos dos MIGs que eu via decolar preguiçosamente do aeroporto de Jalalabad.

Algo do mesmo tipo de sentimento vai para outro filme do Festival de Edinburgh, The Oath[3], filme não exaustivamente mas cuidadosamente pesquisado sobre Salim Hamdan, ex-motorista de Osama bin Laden e há muito hospedado em Guantanamo, e seu “amigo” jihadista Abu Jandal ("Pai da Morte"). Aqui, de repente, vemos um outro lado, diferente da face brutal dos EUA: o conselho de defesa militar norte-americano de Hamdan em Sana’a, ante um mar de parentes iemenitas de seu representado, expondo os motivos deles para libertar o homem e salvá-lo dos vergonhosos campos de prisioneiros de Bush. Os interrogadores árabes são polidos e visivelmente respeitosos ante o jovem advogado funcionário norte-americano que vem a uma cidade perigosa – para ele, pelo menos – para ajudar a garantir defesa justa a um dos homens de bin Laden.

Quantos países árabes mandariam um advogado do Estado para defender um norte-americano preso em prisão árabe – ou para conversar com parentes norte-americanos do preso, nos EUA? Quantos países árabes sequer discutiriam as leis sob as quais aprisionam, torturam e executam prisioneiros? Será que o público de Sana entendeu esse aspecto? Acho que sim. O povo árabe vê muito bem os traços brutais e corruptos de seus ditadores, tanto quanto nós vemos a loucura do poder nos EUA.

Ao final de The Oath, ficamos sabendo, cruelmente, que o “amigo” iemenita de Salim Hamdan, longe de ser, ele mesmo, jihadista leal, passou horas entregando ao FBI todos os detalhes do aparato de segurança de bin Laden, identificando colegas, localizando pontos de defesa antiaérea, o sistema de rádio de baterias alimentadas por painéis solares. Hamdan e Abu Jandal casaram-se com irmãs, obedecendo a instruções de bin Laden. Mas Abu Jandal, como se descobre, vendeu o amigo Hamdan aos norte-americanos. Libertado afinal de Guantanamo, Hamdan escreve carta curta e espantosamente contida ao homem que o traiu. "Cunhado amado e cabeça-dura: ouvi dizer que você deu entrevistas ao rádio e à televisã o. Por que tudo isso? O homem deve buscar a paz e a segurança que Deus dá. Cuide de sua vida e não se meta na minha. Carta curta, espero resposta também curta. Que Deus o abençoe.”

Abençoado ou não, Jandal é item hoje na lista da Al-Qa’ida para ser assassinado. E dos demitidos dessa semana, eu preferiria ser McChrystal. Afinal, logo logo reaparecerá, como ‘especialista’ pago no canal Fox News.

(*) Correspondente no Oriente Medio do jornal britânico The Independent

Data de Publicação: 26.06.2010

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