Direita e mesmo alguns setores da mída não golpistas se rendem aos apelos dos neofascistas italianos no caso Batistti
Mário Augusto Jakobskind
O jurista e professor Wálter Fanganiello Maierovitch está a fazer ostensivamente o jogo da extrema direita italiana e de ex-comunistas, inconformados com a decisão do ex-Presidente Lula de não conceder a extradição para a Itália de Cesare Battisti. Maierovitch, que se acha e sempre se achou, quer porque quer que o Supremo Tribunal Federal volte atrás na decisão tomada sobre o caso Batistti.
Maierovitch, que, estranhamente faz tabela com Mino Carta na revista Carta Capital e no portal Terra, diz que a Itália é uma democracia e que Battisti não correrá nenhum perigo de vida se for cumprir a pena por lá. Não é verdade, mesmo nos anos 70, com todos os equívocos cometidos pelas Brigadas Vermelhas e os Proletários Armados pelo Comunismo, a Itália recebia a influência danosa dos serviços de inteligência dos Estados Unidos, que atuavam em conjuntos com os serviços secretos italianos.
Há documentos hoje liberados que mostram a ação desses serviços secretos responsáveis pela chamada “estratégia de tensão”, quando muitos atentados terroristas foram cometidos pela extrema direita e atribuídos à esquerda armada. Há provas inclusive que dirigentes das Brigadas Vermelhas foram cooptados pela CIA, inclusive um tal de Mario Moretti, no episódio que culminou com o assassinato de Aldo Moro.
Neste contexto de infiltrações e mesmo falta de garantias individuais é que aparece a figura de Cesar Batistti, na época um jovem militante de um grupúsculo armado. Como se sabe, foi julgado à revelia e outros militantes, para atenuarem e mesmo livrar suas caras, acusaram Batistti por crimes que ele nega ter cometido. Como se sabe, foi julgado a revelia e sem direito de defesa. Se estivesse lá seria condenado de qualquer jeito.
Espera-se que o STF confirme a decisão já tomada e não se submeta às pressões do governo de Silvio Berlusconi e os neofascistas que integram o seu gabinete e só entendem a linguagem da vendeta.
Batistti não tem mais nada a ver com o jovem equivocado militante de um grupo de extrema esquerda que entendia ser possível instalar o socialismo na Itália através das armas e sem o apoio popular. Ele hoje é escritor.
Berlusconi está jogando para a plateia no caso Batistti, vale sempre repetir, da mesma forma que os seus Ministros. Agora, por aqui, os defensores da extradição são também os mesmos de sempre. Só para ser ter uma ideia, um tal de Aristóteles Drummond, não só defendeu a extradição de Batistti, como também, ao recordar uma mancha na história brasileira, defendeu a extradição de Olga Benário, a mulher de Luis Carlos Prestes que estava grávida e teria uma filha brasileira.
Aristóteles Drumond não passa de um delinquente. Nos anos que antecederam a queda do Presidente constitucional João Goulart esteve vinculado a um grupode extrema direita que colocou uma bomba numa exposição soviética no Rio deJaneiro. Pior ainda: nas semanas que antecederam o sangrento golpe no Chile que derrubou o Presidente constitucional Salvador Allende, este mesmo Drummond contrabandeava armas para o grupo de extrema direita Pátria eLiberdade.
Drummond nega o fato. Utilizava-se da condição de jornalista, na época em O Cruzeiro, para levar escondido as armas destinadas a se voltarem contra o povo chileno. Este então contrabandista de armas, que poderia ser julgado no Chile pelo que fez, hoje tem um programa de televisão no canal católico Rede Viva e ainda destila ódio em sites da extrema direita que pululam na internet.
O historiador René Dreifuss em seu livro A Internacional Capitalista - Estratégias e táticas do empresariado transnacional 1918-1986, da editora Espaço e Tempo Ltda, na página 229, Dreifuss assim se refere a Aristóteles Drummond:
"O grupo paramilitar brasileiro de direita Movimento Anticomunista (MAC) forneceu armas e dinheiro a grupos semelhantes no Chile. Faustino Porto, militante do MAC, e Aristóteles Drummond, chefe do Grupo de Ação Patriótica (GAP), que foram linhas auxiliares do Ipes (Instituto de Pesquisas Econômicoe Social) brasileiro, foram apontados como elementos de ligação entre Brasil e Chile em 1972-73. Armas e dinheiro foram levados aos chilenos, tanto para a organização extremista Pátria y Libertad – liderada pelo protofascista Pablo Rodrigues e pelo industrial Roberto Thiems – como para os comitês de bairro de direita..."
Data de Publicaçao: 8.01.2011
domingo, 9 de janeiro de 2011
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